“Daí o cuidado que devemos ter para com aqueles que revestidos de poder numa democracia, exposando um discurso de radicalidade democrática, abusam descaradamente de sua autoridade”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves.
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A ninguém é dado desconhecer que a democracia não é um troféu que o indivíduo conquista e coloca na estante para mostrar aos visitantes. O exercício democrático exige uma constante e atenta vigilância sobre pessoas e instituições, condição *sine qua non* para que prospere e avance com segurança. Mutatis mutandis, vale para o caso a admoestação do Apóstolo Paulo, segundo o qual Satanás pode se apresentar como anjo de luz. Daí o cuidado que devemos ter para com aqueles que revestidos de poder numa democracia, exposando um discurso de radicalidade democrática, abusam descaradamente de sua autoridade e por intermédio de atos concretos carcomem os alicerces da democracia vendendo a ilusão de que estão construindo-a sobre sólidos patamares, quando na verdade não passam de liberticidas.
A observação vem a propósito de exageradas punições a baderneiros, às vezes nem tanto, que agiram intempestivamente no pós eleições de 2022, protagonizando o movimento rebelde do 8 de janeiro de 2023, estupidamente acoimado de terrorismo até por personalidades da academia. Não bastasse a intensa propaganda ideológica dos comunistas, eis que membros do Supremo Tribunal Federal, também no mesmo viés ideológico, numa explícita politização do jurídico, não pejam em adotar decisões estapafúrdias, as quais não se coadunam com a doutrina de direitos humanos que esses mesmos ministros lecionam na academia e nas obras que publicaram. Sem esquecer a escrachada contradição de uma Corte que concede de vez em quando a liberdade para criminosos de alta periculodisade, ao tempo em que pesam a mão na dosimetria das penas para condenar pessoas que vandalizaram bens públicos ou simplesmente picharam uma estátua de Têmis com batom. E com uma frase que não é de ficção. A vingança, porque justiça não é, talvez seja feita porque a frase depõe irremediavelmente contra a imparcialidade que um juiz se obriga a ter.
Recentemente, diante de iniciativa parlamentar que propõe anistia para os acusados de 8 de janeiro, lideranças políticas da esquerda brasileira, a exemplo da presidente do PT, manifestaram-se inflexivelmente contrárias à medida pacificadora. Esquecem que terroristas de fato, que cometeram atentados a bomba, mataram inocentes, sequestraram autoridades, assaltaram bancos e cometeram outros crimes violentos em nome da revolução comunista, só estão hoje atuando livremente no cenário político nacional, porque foram beneficiados por um processo de pacificação nacional que culminou com uma anistia. Mais: muitos criminosos, verdadeiros terroristas, por esses desvios inexplicáveis do direito subordinado a ideologias malsãs, receberam polpudas indenizações dos cofres públicos e alguns ainda recebem pensões que beiram as raias do assalto aos erários nacional e estaduais. A história está a demonstrar que vários dos “democratas” que hoje detêm o poder são especialistas no uso de bombas que matam e destroem; os acusados de terrorismo por eles, usam batom como arma de protesto.
Barros Alves é jornalista e poeta
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Artigo/ lamento doloroso sobre esse tempo sombrio atual.