Categorias: Artigo

“Democracia ‘relativa’, modo de usar” – Por Paulo Elpídio de Menezes Neto

Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor e escritor, além de ex-reitor da UFC.

“Todos os acontecimentos, atrasado na eleição de novidades antigas, porém patrioticamente disposto a tomá-las de empréstimo, dispõe-se a reincidir sobre os mesmos erros historicamente preservados”, aponta o cientista político Paulo Elpídio de Menezes Neto

Confira:

“ A conquista do poder intelectual é a prévia da conquista do poder político, isso se consegue mediante ação concertada dos intelectuais, chamados orgânicos, concentrados em todos os meios de comunicação, expressão e universitários”, Antonio Gramsci

Foi assim, no mundo inteiro. Está sendo assim. A “revolução” faz-se pela cooptaçao dos ouvidos e pela cumplicidade do entendimento, algumas vezes por uma débil percepção de uma narrativa incompreensível…

O bolchevismo foi, sempre, uma bandeira internacionalista. Como modelo político e metáfora, o menchevismo significa, na língua russa, a “minoria”; o bolchevismo, a maioria. Com o desaparecimento da minoria, reduzida a “russos brancos” exulados em Paris, por renuncia dos seus precários haveres políticos, ou vítimas de “penalidade” revolucionária, o bolchevismo transformou-se em partido único, como era previsível. Uma organização única formada por muitas ilhas de um arquipélago de razões desviantes…

Não está acontecendo nada diferente, agora, do que aconteceu na Rússia, em Cuba, e em todo o vasto Leste europeu.

O Brasil,a reboque de todos os acontecimentos, atrasado na eleição de novidades antigas, porém patrioticamente disposto a tomá-las de empréstimo, dispõe-se a reincidir sobre os mesmos erros historicamente preservados.

A repetição da história não é uma farsa: é estratégia aperfeiçoada, com a adesão oportunista dos “companheiros de estrada” que supõem serão sócios do botim da conquista.

Na Alemanha nazista, na Itália fascista e na Rússia dos czares, os empresários, a Igreja, os intelectuais, ou parte deles, os militares, os agentes da lei e a mídia infiltrada pela pregação de uma militância em organização, ofereceram apoio aos insurgentes.

Por esse tempo, os revolucionários ainda estavam amotinados, nos começos de uma rebelião que dividiria o mundo. Nos movimentos de rua “, em Roma e em Munique, em São Petersburgo e em Paris; asseguraram contribuição financeira substancial, movidos pela esperança de participarem da partilha do poder. Não entenderam muito bem o que poderia ser a “ditadura do proletariado”, mal explicada para o entendimento dos mujiques revolucionários. Falou-lhes mais alto a promessa da tomada do “espaço vital”, metáfora geopolítica que cobria a expansão dos seus interesses, mundo afora.

Trotski, Lênin e Stálin concordavam com a mundialização da Revolução, na estratégia de venda a retalho do “produto”, mas não no “atacado”, Estes pormenores não foram percebidos; as ditaduras “do proletariado” ou da nobreza, até mesmo as da burguesia, nunca se anunciam com antecedência… Seus efeitos e circunstâncias são conhecidos, quando o paciente abdicou da sua vontade. Tardiamente.

O totalitarismo — começamos, agora, a entender as recomendações da sua bula, a forma de usá-lo — faz parte de uma cuidadosa posologia ideológica cuja destinação é fazer-se aceito e lido semanticamente como democracia “popular”.

O Kominterm, o Kominform, Terceira Internacional foram mecanismos de controle dos partidos comunistas, reconhecidos em alguns países ou caídos na ilegalidade, e da mobilização das relações de amizade . Os Congressos da Juventude e de Escritores, as disputas olímpicas e a farta distribuição a preços módicos do principal da literatura marxista municiado com as narrativas bolcheviques, foram a munição de propaganda espalhada pelas nações do “terceiro-mundi”, pelas beiradas do mundo civilizado e pelo civilizado, também. Abriram-se as páginas da mídia, publicada em todas as línguas faladas, para farta matéria sobre temas variados…

Claro que nestes nichos de propaganda não faltavam as dissensões e as dissidências teóricas sobre questões de método e de estética revolucionária, em matéria de arte, filosofia, história e política. Trotskistas contra stalinistas, a luta pela sucessão do patrono da causa, o Pravda, hegemônico, a dar a direção dos ventos para as tribos insurgentes e a todas elas abrigar nas frondas de um “novo mundo”.

Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais