Com o título “Democracia venezuelana”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Sociologia. Ela aborda o imbroglio que está sendo o pleito eleitoral da Venezuela.
Confira:
Populistas são avessos à democracia, e fazem de tudo para solapá-la. Aqui no Brasil, o ex-presidente Bolsonaro conspirou contra ela desde o primeiro dia de governo, quando participava de manifestações reivindicando o autogolpe. Ele passou quatro anos tentando fazer a sociedade desacreditar da urna eletrônica, que o elegeu por sucessivos mandatos. O ponto culminante do delírio persecutório do ex-presidente foi um encontro que promoveu com embaixadores estrangeiros para lançar suspeitas sobre a lisura das eleições e dos resultados, em face da urna eletrônica. O restante do enredo, todos conhecem, sendo o último capítulo, a invasão de seus apoiadores às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de
2023.
Nicolás Maduro, outro populista, aferra-se ao poder na Venezuela, declarando-se vencedor das eleições, com 51,2% dos votos, contra 44,2%, de Edmundo González. Ele não apresentou as atas de votação de cada uma das seções eleitorais, o elementar, o básico necessário a uma eleição transparente. Observadores da União Europeia e do Centro Carter dos EUA foram impedidos de acompanhar as eleições, que são controladas pelo governo desde Hugo Chávez.
A líder da oposição, Maria Corina Machado, teve a candidatura impugnada, venezuelanos não puderam entrar no país para votar; opositores e manifestantes contrários ao governo foram presos; seções eleitorais, fechadas; atas, retidas; e ficais, expulsos. A oposição conseguiu reunir 73% das atas, que, segundo Corina Machado, dão a vitória a Edmundo González, com 67% dos votos, contra 30% de Maduro. O resumo da violência: 25 mortos, 192 feridos, 2mil presos.
O presidente Lula afirmou que as eleições foram normais na Venezuela, ao ser perguntado sobre os seus resultados, após a farsa da vitória de Maduro, e que a oposição entrasse com recurso junto ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), apresentando as denúncias, e aguardasse manifestação. Na mesma linha de entendimento, o PT manifestou-se em Nota da Executiva Nacional, elogiando o processo eleitoral de 28 de julho de 2024, classificando-o como “uma jornada pacífica, democrática e soberana”. Ambos ignoram que a Organização dos Estados Americanos (OEA) não reconhece a vitória de Maduro.
Lula é tão inocente em acreditar na revisão de resultados eleitorais por órgão controlado por Maduro. Dá para rir e chorar. Lula é companheiro ideológico de Maduro, como o é dos dirigentes de Cuba, Nicarágua, China e Rússia. Ele não tem afinidade com lideranças democráticas. A democracia de Lula é relativa, envergonhada, para consumo interno no Brasil. Ele é mais um populista, que considera a Venezuela uma democracia, onde não há imprensa livre.
Os bolsonaristas estão fazendo a festa nas redes sociais, classificando Lula de comunista e de ser um perigo para o Brasil. Delírios à parte, Lula perde boa oportunidade de manifestar compromisso com a democracia, ficando do lado população da Venezuela contra o arbítrio do ditador Maduro. Mas é esperar demais de Lula.
*Fátima Vilanova
Doutora em Sociologia.
Respostas de 4
Estava fazendo falta!
A professora Fátima mais uma fez , faz a análise perfeita da situação do povo da Venezuela!
Podres poderes!
Muito bom o artigo “Democracia Venezuelana”, da Socióloga Fátima Vilanova.
Fico pensando em como seria pedagógico um debate, sem levar em conta escolhas partidárias, pois assim fugiríamos das questões relevantes, sobre algumas palavras-chaves existentes no artigo apresentado, como por exemplo, “autogolpe”,
“lisura das eleições”, entre outras.
Seria uma oportunidade de expansão de nossas consciências e quem sabe assim, poderíamos ficar mais atentos ao que de fato acontece durante às campanhas eleitorais e seus resultados. Porém, a leitura do artigo mesmo que aconteça no silêncio do meu quarto, já é um convite para muitas reflexões. Afinal de contas, o que acontece na Venezuela, em alguma medida repercute em nós.
Grande vergonha! PT emitir elogios, sobre esse terrível cenário de arbitrariedade na Venezuela. Eleições PACÍFICA e DEMOCRÁTICA, em que momento? Lula foi muito infeliz, quando mostrou um certo apoio ao então ditador Maduro. Parabéns Dra Fátima pelo artigo, que esclarece de forma clara e abrangente.
Estamos em momento muito preocupante dessa tal democracia, que está cada vez mais duvidosa,visto que se posta a tantas provas de desvio de condutas e falta de transparência.