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“Democratizando a IA com Código Aberto: uma lição para o Brasil?”

Mauro Oliveira é PhD em Informática por Sorbonne. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Democratizando a IA com Código Aberto: uma lição para o Brasil?”, eis artigo de Mauro Oliveira, professor do IFCE e PhD em Informática (Sorbonne University). “Ao dar um jeito nos algoritmos para funcionarem em hardwares mais humildes, como aquelas GPUs antigas da NVIDIA que você encontra no fundo do baú, a DeepSeek facilita o uso de IA em “calçada baixa” para países como o Brasil … que tem vontade mas não acredita em CT&I como políticas de desenvolvimento social e econômico, como a Suécia…”, expõe o articulista.

Confira:

“Nǐ hǎo* pra vcs de Wall Street” … BUFO! Nessa segunda, 27, investidores (aqueles caras que apostam seu tempo todo dia pra, em troca, sofrerem mais … rsrs) viram, ressaqueados, a “queda que caiu” 17% da NVIDIA e adjacentes, cerca de U$ 580 bilhões … e BUFO!

A DeepSeek, um bloco de pré-carnaval rindo à toa em Hangzhou, foi a grande estrela (vermelha) indicada ao Oscar na categoria “fura a bolha da Nasdaq”. Sambando pra americano ver, a startup chinesa chutou o balde e as bolsas do “Tio Trump” com seu modelo de código aberto (opensource). Ao liberar o código de seu “brinquedinho de conversar” para qualquer empresa ou desenvolvedor, a DeepSeek não só democratizou o acesso à tecnologia, como também colocou grandalhões da IA de “castigo contra a parede”… até o final da aula, viu!

Ao dar um jeito nos algoritmos para funcionarem em hardwares mais humildes, como aquelas GPUs antigas da NVIDIA que você encontra no fundo do baú, a DeepSeek facilita o uso de IA em “calçada baixa” para países como o Brasil … que tem vontade mas não acredita em CT&I como políticas de desenvolvimento social e econômico, como a Suécia do meu amigo Adalberto Alencar, um caos algumas décadas atrás.

A estratégia da DeepSeek não é apenas um movimento tecnológico, mas também um jogo de xadrez geopolítico. Para países como a China, que enfrentam restrições de exportação de tecnologia impostas pelos EUA, esses modelos de código aberto são como um passe livre para diminuir a dependência dos grandalhões americanos. Com isso, a iniciativa da DeepSeek levanta questões sérias sobre a sustentabilidade dos modelos proprietários e tem o potencial de balançar as estratégias das empresas líderes no setor. Afinal, quem não gostaria de ver estes grandalhões da tecnologia revendo suas cartas na manga?

Este tremelique provocado pela DeepSeek pode servir como uma inspiração de primeira para o Brasil, enquanto ele tenta encontrar seu lugar ao sol no palco mundial da IA:

1. Infraestrutura de IA

O Brasil tem a chance de investir em modelos de código aberto, abrindo caminho para que empresas e universidades desenvolvam suas próprias soluções de IA no quintal de casa. No entanto, para transformar essa ideia em realidade, é necessário um empurrãozinho: melhorar a infraestrutura computacional. Isso inclui desde a criação de data centers regionais até o acesso a GPUs que não façam o orçamento chorar.

2. Apoio à Pesquisa Nacional

Assim como a DeepSeek provou que dá para fazer mágica com recursos limitados, o Brasil poderia muito bem colocar suas fichas na pesquisa de IA eficiente e acessível. Centros de inovação, universidades, institutos e ICTs precisam de um fluxo constante de financiamento para liderar essa vanguarda do desenvolvimento. Afinal, para deixar sua marca no mundo da IA, é preciso garantir que nossa criatividade tenha combustível para rodar.

3. Independência Tecnológica

Investir em uma política nacional de IA, aliada ao fortalecimento da infraestrutura tecnológica local, é essencial para reduzir a dependência de hardware e software importados.

4. Foco na Sustentabilidade e Inclusão

Modelos de IA acessíveis têm o potencial de revolucionar áreas como saúde, educação e agricultura. A política de IA brasileira deve focar em aplicações que trazem impacto social positivo, principalmente nas regiões que mais precisam.

5. Criação de um Ecossistema Aberto

Abraçar o código aberto nas iniciativas públicas pode dar um turbo na inovação em setores estratégicos. Startups, pequenas empresas e órgãos públicos teriam a chance de acessar tecnologias de IA sem serem esmagados por custos astronômicos de licenciamento.

6. Regulação Inteligente

O Brasil deve buscar uma regulação equilibrada que garanta privacidade e segurança no uso da IA, sem colocar um freio na inovação. Regras bem definidas podem ser um imã para investimentos, criando um ambiente mais seguro e confiante tanto para desenvolvedores quanto para usuários.

7. Política Pública de IA

A construção de um ecossistema nacional robusto de IA pode aumentar a soberania tecnológica do país. Para tanto, faz-se necessário uma política pública que estimule todos os estados a entenderem as ameaças e oportunidades da IA e desenvolverem ações de democratização da IA.

O movimento da DeepSeek é mais do que uma mudança tecnológica — é um marco que abre portas para um futuro mais acessível e justo, onde a inteligência artificial pode ser uma força transformadora. Embora o Brasil enfrente desafios estruturais e provincianos de colonizado em CT&I, há uma oportunidade única para o país não apenas progredir e se destacar como um protagonista emergente em inovação inclusiva e sustentável no cenário global de IA.

Este é o momento perfeito para transformar desafios em trampolins para o crescimento e acreditar que podemos, sem dúvidas, conquistar novas fronteiras tecnológicas. Vale ressaltar que as cidades e estados mais bem preparados estarão na linha de frente para colher os frutos de uma política pública nacional de IA liderando a transformação e aproveitando ao máximo as oportunidades para construir um futuro mais inovador e igualitário para todos.

Por uma Fortaleza mais Inteligente, Humana e Sustentável.

*Mauro Oliveira

Professor do IFCE e PhD em Informática (Sorbonne University).

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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