“Dicas de leitura” – Por Mirelle Costa

O empresário Beto Studart faz duas indicações de leitura para os leitores desta coluna

Na coluna Cafezim com Literatura desta semana, apresento algumas indicações literárias.

O empresário Beto Studart indica o livro Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, publicado em duas partes, nos anos de 1605 e 1615. O empresário destaca no personagem que nomeia a obra, o simbolismo do conflito entre a realidade e o ideal de um homem, entre o pragmatismo e os sonhos impossíveis. Além disso, aponta como características do personagem aspectos que, de certa forma, também marcam um pouco a sua própria personalidade, que são a nobreza de espírito e tênue limiar entre o louco e o sábio.

Essa obra de arte – do escultor Edismar Arruda – ocupa lugar de destaque no escritório de Beto Studart

Como prova dessa sua reverência a obra de Cervantes, Beto Studart tem na BSPAR uma escultura de Dom Quixote e o texto:

“Sonhar o sonho impossível;
sofrer a angústia implacável;
pisar onde os bravos não ousam;
reparar o mal irreparável;
amar um amor casto à distância;
enfrentar o inimigo invencível;
tentar quando as forças se esvaem;
alcançar a estrela inatingível; esta é a minha busca”.

Esse texto faz parte do musical da Broadway Man of La Mancha, que foi inspirado no personagem Dom Quixote.

O outro livro indicado por Beto Studart chama-se: “Sobre a brevidade da vida”, do Sêneca.

“Nessa obra, o autor defende que a vida não é curta em si mesma, mas que os homens a desperdiçam com futilidades, ambições e preocupações inúteis”, conta o empresário.

Uma das obras mais célebres de Sêneca também se destaca como um ensaio moral repleto de profundas reflexões sobre a morte, a condição humana e a arte de bem viver. Considerado um dos textos mais importantes da filosofia estoica, o livro é composto por cartas endereçadas a Paulino, nas quais o autor expõe, de forma concisa e precisa, suas ideias e inquietações em torno da busca por uma vida plena e virtuosa. Apesar de terem sido escritas há mais de dois milênios, suas lições de sabedoria permanecem atuais e continuam a inspirar gerações.

O historiador e professor, Leandro Karnal, esteve em Fortaleza para participar da Condoexpert, evento realizado pela Gestart Condomínios e indicou a obra: Hygge – O segredo dinamarquês para viver bem.

Os dinamarqueses são frequentemente apontados como o povo mais feliz do planeta. De acordo com Meik Wiking, diretor do Instituto de Pesquisa da Felicidade em Copenhague, o segredo desse bem-estar está em um conceito chamado Hygge.

Embora o termo soe estranho, sua essência é bastante próxima do que conhecemos: é o prazer de estar confortavelmente no sofá com quem amamos, o toque suave do sol em uma manhã de outono, o aroma do café recém-passado, o bolo saindo do forno, ou a leve alegria de uma noite agradável entre amigos.

Em suma, Hygge é o sentimento de acolhimento, conexão e tranquilidade.

Este livro ensina como trazer essa atmosfera calorosa para o cotidiano. Desde a iluminação perfeita até as refeições, passando pela decoração e pelos momentos ao ar livre, a obra apresenta maneiras simples de tornar cada dia mais leve, prazeroso e cheio de bem-estar — onde quer que você esteja.

Mailson Furtado, ganhador do Jabuti na categoria Poesia e livro do ano, indicou a obra “O infinito em um junco – : A invenção dos livros no mundo antigo”, de Irene Vallejo. Eu convidei o escritor pra gravação de estreia do meu podcast Cafezim com Literatura e, como falávamos de escrita, ele destacou a obra. “Ele traz a história da escrita, trazendo a escrita como uma personagem”, aponta Mailson Furtado.

Mailson Furtado é também artista de teatro e produtor cultural

O Infinito em um Junco é, essencialmente, a biografia do próprio livro. A obra investiga a jornada deste fascinante artefato, que concebemos para que as ideias pudessem cruzar fronteiras e gerações. O livro de Irene Vallejo mapeia a história deste objeto desde suas origens milenares, detalhando as inúmeras formas e materiais que a humanidade testou ao longo do tempo.

Mais do que a história de um objeto, esta é uma narrativa de viagens por diferentes épocas e locais. A autora nos conduz por um roteiro que inclui os campos de batalha de Alexandre, o Grande, a Vila dos Papiros soterrada pelo Vesúvio, os palácios de Cleópatra e o cenário do assassinato de Hipátia. A jornada passa também pelas primeiras livrarias, pelas oficinas de copistas, pelas fogueiras que destruíram códices proibidos, e chega a locais mais recentes, como o gulag, a Biblioteca de Sarajevo e os labirintos subterrâneos de Oxford no ano 2000.

Vallejo tece uma conexão vital entre o mundo clássico e as questões contemporâneas, mostrando como os debates antigos ecoam em nossos dias. Ela relaciona Aristófanes aos processos judiciais contra comediantes, Safo à voz literária feminina, Tito Lívio ao moderno fenômeno dos fãs e Sêneca ao conceito de pós-verdade.

Acima de tudo, porém, o livro celebra a incrível aventura coletiva de milhares de pessoas que, através dos séculos, protegeram e viabilizaram a existência do livro. Contadores de histórias, escribas, iluminadores, tradutores, vendedores, professores, sábios, espiões, rebeldes e leitores de todos os cantos — dos centros de poder às regiões mais remotas onde o conhecimento se refugiava no caos. São as pessoas comuns, cujos nomes a história frequentemente apaga, os verdadeiros protagonistas desta obra por salvarem essas fontes de memória.

Mirelle Costa: Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing. Possui experiência como professora na área de jornalismo para tevê e mídias eletrônicas. Já foi apresentadora, produtora, editora e repórter de tevê, além de colunista em jornal impresso. Possui premiações em comunicação, como o Prêmio Gandhi de Comunicação (2021) e Prêmio CBIC de Comunicação (2014). Autora do livro de crônicas Não Preciso ser Fake, lançado na biblioteca pública do Ceará, em 2022. Participou como expositora da Bienal Internacional do Livro no Ceará, em 2022.

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