“Dominionismo: um risco silencioso à democracia brasileira” – Por Edivan Batista

Edivan Batista Carvalho é analista de mercado. Foto: Arquivo Pessoal

“O risco surge quando uma crença específica busca se transformar em projeto de poder, enfraquecendo a democracia”, aponta o gestor ambiental Edivan Batista, especialista em Análise Econômico-Financeira e Crédito

Confira:

Um conceito pouco conhecido do grande público passou a influenciar a política no Brasil: o dominionismo.

Trata-se de corrente ideológica de origem religiosa que defende que grupos cristãos devem “dominar” ou controlar áreas centrais da sociedade — como política, educação, justiça, mídia e cultura — para impor valores bíblicos ao conjunto da população.

O problema não é a fé, nem a participação legítima de religiosos na vida pública. O risco surge quando uma crença específica busca se transformar em projeto de poder, enfraquecendo a democracia, o Estado laico e o direito de cada cidadão pensar e viver de forma diferente.

O dominionismo nasceu nos Estados Unidos e ganhou força em setores evangélicos conservadores. No Brasil, encontrou terreno fértil com o crescimento político de lideranças religiosas que misturam discurso espiritual com estratégia eleitoral. A linguagem costuma ser simples, emocional e moralizante: fala-se em “guerra espiritual”, “salvar a nação”, “restaurar valores”, enquanto se atacam direitos civis, a ciência, a educação plural e as instituições democráticas.

Na prática, essa ideologia atua por meio da ocupação de cargos públicos, pressão sobre o Congresso, uso de igrejas como palanques eleitorais e disseminação de medo e desinformação. O objetivo é substituir o diálogo democrático por uma visão única de mundo, onde quem discorda é tratado como inimigo de Deus, da família ou da pátria.

Com as eleições de 2026 se aproximando, o alerta ao enorme perigo é urgente!

O dominionismo não se apresenta de forma explícita. Ele se esconde em discursos de “bons costumes”, “autoridade divina” e “ordem moral”, mas seus efeitos podem ser graves: exclusão de minorias, restrição de liberdades, enfraquecimento da Constituição e risco de autoritarismo.

Defender a democracia não é ser contra a religião. É proteger o direito de todos — religiosos ou não — viverem sob leis justas, iguais e laicas. Vigilância, informação e voto consciente são hoje as melhores defesas contra projetos que ameaçam transformar a fé em instrumento de dominação política.

Edivan Batista Carvalho é graduado em Gestão Ambiental e especialista em Análise Econômico-Financeira e Crédito

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