Com o título “É a Geopolítica, meus caros!”, eis artigo de Marcos C. Holanda, professor, PhD em Economia e ex-presidente do Banco do Nordeste. “Um bloco econômico formado pelas Américas (Norte, Central e Sul) seria de longe o mais poderoso, próspero, inovador e culturalmente homogêneo do globo”, expõe o articulista
Confira:
Retirando as narrativas políticas da sala, a razão das tarifas americanas é geopolítica pura. De forma equivocada, o Brasil optou por um maior alinhamento com a China via Brics e, de forma amadora, assumiu o papel de critico explicito da administração Trump. Em um mundo dominado pela disputa Estado Unidos – China, o resultado não poderia ser outro.
O alinhamento com a China é um erro e contraditório com o discurso do atual governo. Primeiro, porque fica estranho um governo que se diz defensor da democracia e direito de propriedade, se alinhar a uma ditadura comunista. É ditadura porque o presidente não é eleito de forma livre pela população e se perpetua no poder. É comunista porque a maioria dos fatores de produção são, direta ou indiretamente, controlados pelo Estado.
Uma outra contradição é o modelo chinês baseado na exploração da população mais pobre, que não tem direito a uma rede de proteção social, acesso à saúde publica, não pode se locomover livremente, é sujeita a salários baixos e enfrenta condições de trabalho perversas.
Terceiro, um maior alinhamento econômico vai significar a consolidação do País como um exportador de commodities de baixo valor agregado e importador de bens industriais com o quase extermínio da indústria nacional. Não tem como competir com a indústria chinesa, que quer ter comércio livre (free trade), mas não pratica o comércio justo (fair trade).
O erro maior, no entanto, é desperdiçar a oportunidade de um maior alinhamento com os Estados Unidos e demais países da América Latina. Um bloco econômico formado pelas Américas (Norte, Central e Sul) seria de longe o mais poderoso, próspero, inovador e culturalmente homogêneo do globo. Esse bloco seria uma potência na geração de energia, na produção de alimentos, na produção de minerais, na indústria do século XXI, na geração de inovação, no tamanho e crescimento populacional, na capacidade de se defender de ataques externos e, principalmente, no exemplo da prática da democracia, da liberdade de expressão e do Estado de Direito.
Estamos passando por um período turbulento e de incertezas, mas o bloco americano vai prevalecer e o Brasil precisa estar nele.
*Marcos C. Holanda
PhD em Economia e ex-presidente do Banco do Nordeste.