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“E agora?”

Cynthia Rebelo é pedagoga e contista

“E nesse momento preciso contar da minha alegria em saber que a maioria das melhores notas da redação foram obtidas por candidatos da região nordeste”, aponta em artigo a pedagoga Cynthia Rebelo. Confira:

Dia 16 de janeiro de 2024, se você estava no Brasil e ligou o rádio, a TV, tablet, celular, ou ainda, se passou em frente a uma banca de revistas, lugar raro, mas que graças aos deuses da informação e alguns poucos teimosos, ainda existe, pôde perceber que todos os meios de comunicação falavam do resultado do Enem.

E foi aquele corre-corre, a promessa era que o resultado sairia às nove da manhã, mas quando muita gente tenta acessar o mesmo site ao mesmo tempo, que acontece? Isso mesmo, travou tudo. Ninguém conseguia acessar. E no meio de tanta ansiedade, soube que teve gente que desligou tudo, fechou as cortinas e foi dormir para não sofrer, retornando ao mundo da informação somente horas depois. Enfim, cada um buscou acalmar-se como pôde. Todos ansiosos em saber a nota da redação, afinal é essa nota que define quem entra e quem fica fora de uma das instituições de ensino superior público que participam do SISU (Sistema de Seleção Unificada) em 2024.

Ah, a redação!

E nesse momento preciso contar da minha alegria em saber que a maioria das melhores notas da redação foram obtidas por candidatos da região nordeste. É verdade que, infelizmente essas notas em sua maioria, não são de alunos oriundos de escolas públicas. Mas continuo com o sonho de vê-los conquistando os melhores lugares. Sonho que sei que é compartilhado com outras pessoas, que estão trabalhando para torná-lo realidade, que lutam por um ensino de qualidade para todos.

Depois de tantas falas, mais que a nota da redação, queria saber como estão as relações, com essas mulheres que são mães, tias e até avós desses jovens que pararam, ainda que por um tempo muito breve, para escrever sobre a valorização, ou falta desta na vida dessas mulheres. Como será que ficou a convivência? Mudou algum aspecto?

Será que o tema da redação causou incômodo como uma pedrinha bem pequenina dentro de um sapato tido como confortável? Ou será que de tanto fazer parte de uma estrutura que já vem assim há muito tempo, a estranheza, o alvoroço foram tão somente por ter vindo a baila esse tema?

Mas, como disse Belchior, “deixemos de coisas e cuidemos da vida”.

Me pego mais uma vez pensando: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Qual impacto desse tema na vida prática de milhões de mulheres, que assim como eu, trabalham em casa? E das que têm dupla jornada de trabalho e que independente da profissão, têm salário inferior ao do homem? Penso que já passa da hora da mulher, ser respeitada. Como profissional, como ser humano.

Cynthia Rabelo é pedagoga, com especialização em contação de histórias
Atualmente mora em São Luis do Maranhão
Contatos: Instagran @rabelocynthia
Facebook Cynthia Rabelo

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Ver comentários (3)

  • Nós homens temos muito a aprender com as mulheres. A destruição do planeta passa pelo patriarcado, machismo, misoginia... Textos como esse são pequenos sopros de esperança. Quem dera gerem um "efeito borboleta" rumo a mudança que tão urgentemente precisamos.

  • Como sempre, cirúrgica nas colocações! Seu texto sempre me leva a pensar sobre minhas próprias atitudes! Vida longa, Cynthia.

  • Meu Deus, esta senhora escreve com o coração, com a alma. Escreve como se tivesse conversando conosco ao nosso lado num sofá florido e quente de amor! Parabéns, Cynthia!

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