Categorias: Artigo

“E as mulheres trucidadas, Itamaraty?”

César Wagner é ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará

“Itamaraty emite nota sobre mortes de líderes no Irã sem condenar as violações de direitos humanos e execuções políticas no país”, aponta o ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará, César Wagner. Confira:

A nota do Itamaraty sobre a recente morte de autoridades iranianas, expressando “profunda consternação” e estendendo “sinceros sentimentos de solidariedade e pesar pelas perdas irreparáveis”, ultrapassa os limites do decoro diplomático e adentra o território da insensibilidade moral. Em um contexto em que o Irã tem intensificado suas práticas autoritárias — especialmente evidenciadas pelo alarmante número de 224 execuções apenas neste ano, conforme aponta a Iran Human Rights (IHR) —, o posicionamento do Brasil deveria ser de firme repúdio.

Ao optar por uma mensagem que omite qualquer crítica ou preocupação com os direitos humanos, o Itamaraty não apenas falha em representar os valores éticos que deveriam pautar as relações internacionais, como também desconsidera o sofrimento das inúmeras vítimas do regime iraniano. Este não é um momento para condolências vazias, mas para uma postura crítica e coerente com os princípios de liberdade e dignidade humana.

Não se pode ignorar que a morte de qualquer ser humano é lamentável, mas a resposta do Brasil ao evento não pode ser descolada do contexto de atrocidades comandadas por essas mesmas autoridades. A diplomacia brasileira deve, portanto, equilibrar respeito aos rituais diplomáticos com uma firme condenação das ações que contrariam os direitos mais básicos.

Ao enviar condolências sem uma condenação explícita das ações do governo iraniano, o Brasil perde uma valiosa oportunidade de se posicionar como defensor dos direitos humanos no cenário global. É preciso que o Itamaraty reconsidere sua abordagem, garantindo que sua voz seja instrumento de justiça e respeito à dignidade humana, e não de complacência com regimes que desrespeitam essas mesmas valores.

César Wagner Maia Martins é ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará, ex-coordenador-geral da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS), ex-diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ex-diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI) e ex-delegado Titular da Delegacia de Combate ao Narcotráfico. Ex-secretário de Segurança de Aracati. Formado em Direito (Unifor) e especialista em Direito Processual Penal (Unifor). Comunicador, radialista, palestrante e consultor de empresas

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais