“Economia real desmente mais uma vez as previsões do mercado” – Por Luiz Henrique Campos

Projeções da economia para o futuro.

Com o título “Economia real desmente mais uma vez as previsões do mercado”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “Mas por que será que as análises de mercado erram tanto a cada ano? O fato é que há sempre, quando se fazem essas projeções, a cada final do ano anterior, uma tendência arraigada entre analistas em adotar previsões pessimistas, seja para manter uma aparência de criticidade ou, em alguns casos, por mera má fé, errando para baixo”, expõe o colunista.

Confira:

As projeções para a economia brasileira em 2025, feitas por analistas de mercado, mais uma vez se mostram mal calibradas diante dos dados reais que começam a emergir. No Boletim Focus, por exemplo, o mercado estima um crescimento do PIB de 2,16 %.Mas, ao mesmo tempo, relatórios oficiais revelam um desempenho mais robusto. Segundo o IPECE, o PIB cresceu 1,4 % no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o trimestre anterior. A discrepância entre previsão e realidade chama atenção para o quanto as apostas conservadoras podem estar subestimando o dinamismo da economia.

Em relação à inflação, os analistas previam algo em torno de 4,83 % para 2025, segundo o Focus. Agora, dados mais recentes indicam que a inflação retornou ao interior da meta do Banco Central, atingindo 4,50%, segundo o IBGE, o que representa uma melhora significativa. Já o câmbio também surpreendeu. Se o mercado anteriormente estimava que o dólar terminasse o ano cotado a R$ 5,55, dados mais recentes indicam revisões para valores mais favoráveis.

No campo do emprego, também aparecem surpresas. Em janeiro de 2025 o Brasil criou 137 mil empregos formais, quase três vezes a previsão mediana dos economistas (48 mil), segundo levantamento da Reuters. Esses números reforçam um mercado de trabalho mais resiliente do que muitos imaginavam, ainda que em outubro de 2025 a criação de vagas tenha desacelerado para 85 mil, abaixo das expectativas.

Mas por que será que as análises de mercado erram tanto a cada ano? O fato é que há sempre, quando se fazem essas projeções a cada final do ano anterior, uma tendência arraigada entre analistas em adotar previsões pessimistas, seja para manter uma aparência de criticidade ou, em alguns casos, por mera má fé, errando para baixo. O mais preocupante é que muitos desses mesmos analistas provavelmente já vão renovar o discurso catastrofista para 2026, mesmo que o cenário real mostre mais resiliência.

Essa postura constante de prever o pior acaba minando a própria credibilidade de suas projeções, pois a realidade também desmente o discurso apocalíptico quando se olha para o dia a dia. É simples. Basta caminhar pelas ruas, frequentar centros comerciais, observar onde o dinheiro circula para ver que a economia real não está parada. Apesar de juros altos, há consumo, emprego e investimento, elementos que muitos analistas insistem em ignorar ou menosprezar. Esse “quanto pior, melhor” parece ter uma lógica própria, mas nega o óbvio. Há vida, e movimento, por trás dos números, ainda que desafiados pela alta da Selic ou por incertezas macroeconômicas

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.

Luiz Henrique Campos: Formado em jornalismo com especialização em Teoria da Comunicação e da Imagem, ambas pela UFC, trabalhei por mais de 25 anos em redação de jornais, tendo passando por O POVO e Diário do Nordeste, nas editorias de Cidade, Cotidiano, Reportagens Especiais, Politica e Opinião.

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