Com o título “Educação e desenvolvimento”, eis artigo de Gonzaga Mota, professor aposentado da UFC e ex-governador do Ceará. “É fundamental que as nações entendam, em primeiro lugar, que a educação constitui não um gasto, mas um investimento”, expõe o articulista.
Confira:
Concordamos com a ideia de que a educação deve ser proporcionada a todos por constituir um direito e um condição para o pleno desenvolvimento da pessoa humana. Além de constituir um direito, a educação é também um dos principais fatores, senão o mais importante, do desenvolvimento dos países. É fundamental que as nações entendam, em primeiro lugar, que a educação constitui não um gasto, mas um investimento. Em segundo lugar, este é um investimento de longo prazo que deve expressar o compromisso de gerações e ser elevado a um projeto do Estado Democrático, para além das divergências partidárias das forças políticas que momentaneamente ocupam os papéis de governo e oposição. Ademais, deve-se buscar a articulação de diversos atores sociais, somando esforços de governos, setores empresariais e trabalhistas e da sociedade civil em geral.
Há uma evidente correlação entre os níveis educacionais, cognitivos e comportamentais, das populações e o desenvolvimento dos países. O trabalhador com maior nível de escolaridade tem melhor possibilidade de acesso ao mercado de trabalho em constante evolução, característica da era da globalização. Com a melhoria mão-de-obra há mais atração de investimentos, qualificação de empregos e dinamização do consumo. De fato, a educação melhora a qualidade de vida do cidadão, o que permite torná-lo um consumidor mais consciente e exigente, demandando dos setores econômicos a contínua melhoria de qualidade. Com o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos produtivos são requeridas novas aptidões.
Não basta acompanhar as transformações, há que se ter a capacidade de antecipá-las. Daí a necessidade da educação ao longo de toda a vida. Este é um processo irreversível. Desta forma, o desenvolvimento passa a ser orientado a uma finalidade: o bem estar humano. E, neste contexto, a educação já não é um meio de atingi-lo, mas um elemento dele constitutivo. Este entendimento levou à adoção da educação como um dos fatores na construção do conhecido IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, que tem orientado as políticas públicas em vários países e constituído importante indicador de avaliação de seus acertos ou insuficiências.
*Gonzaga Mota
Professor aposentado da UFC e ex-governador do Ceará.