Com o título “Eficiência Energética: quando o uso inteligente da energia se transforma em dignidade e futuro”, eis artigo de Mauricio Gonçalves, CEO da 3e Soluções. “Se queremos um país que avance, um Brasil onde ninguém fique para trás, precisamos tratar a eficiência energética como política estruturante. Não apenas como solução técnica, mas como instrumento de justiça, desenvolvimento e esperança”, expõe o articulista.
Confira:
Enquanto a COP30 ocorria em Belém, até a última semana, o mundo voltou seus olhos para a Amazônia e para as escolhas que definirão o futuro climático do planeta. No centro desse debate, entrou um elemento que, apesar de discreto, tem um poder transformador profundo: a eficiência energética. Ela não é apenas uma estratégia técnica; é uma ferramenta humana, social, que aproxima a transição energética das pessoas que mais precisam dela.
No Brasil, milhões ainda enfrentam pobreza energética, não por falta de vontade de sonhar, mas por falta de acesso. Para muitos, a energia está longe — distante geograficamente, isolada por rios, trilhas e matas densas. Para outros, a energia está perto, mas permanece inacessível porque a renda não permite integrar plenamente a vida moderna à eletricidade. É um tipo de exclusão silenciosa, que determina quem pode estudar à noite, conservar alimentos, acessar informação ou empreender.
Por isso, eficiência energética não é apenas sobre reduzir o consumo.
É sobre expandir possibilidades. É sobre permitir que comunidades isoladas da Amazônia, do semiárido e das periferias urbanas possam aproveitar ao máximo cada unidade de energia que chega até elas — muitas vezes por meio de soluções inovadoras, geração local, sistemas híbridos e tecnologias adaptadas à realidade do território.
É criança que passa a ter luz suficiente para ler seus livros. É agente de saúde que consegue usar equipamentos essenciais em localidades remotas. É artesã ribeirinha podendo ampliar sua produção com ferramentas simples. É jovem que encontra, numa tela iluminada, uma ponte para novos mundos. O impacto é imediato, profundo e humano.
Ao fortalecer a eficiência energética, ampliamos a própria transição energética. Comunidades que usam melhor a energia conseguem incorporar tecnologias renováveis com mais facilidade, tornando seus sistemas mais resilientes e independentes. A energia deixa de ser apenas infraestrutura: torna-se oportunidade, dignidade, liberdade.
O Brasil tem diante de si uma chance única. Com uma matriz majoritariamente renovável, podemos mostrar ao mundo que descarbonização e justiça social devem caminhar juntas. A Amazônia, com suas distâncias imensas e sua riqueza humana, revela que a transição energética só é verdadeira quando alcança as comunidades que historicamente ficaram à margem do acesso pleno à energia.
A eficiência energética, nesse contexto, é o elo entre tecnologia e inclusão.
É o que permite que a energia, uma vez disponível, seja suficiente para transformar a vida.
É o que garante que o futuro não fique restrito aos grandes centros urbanos, mas alcance os rios, as florestas, as ilhas e os sertões.
Se queremos um país que avance, um Brasil onde ninguém fique para trás, precisamos tratar a eficiência energética como política estruturante. Não apenas como solução técnica, mas como instrumento de justiça, desenvolvimento e esperança.
A energia do futuro nasce das escolhas responsáveis que fazemos hoje — e do compromisso de garantir que cada brasileiro, onde quer que esteja, tenha acesso real às oportunidades que a energia possibilita.
*Maurício Gonçalves
CEO da 3e Soluções.