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“Em política… vale tudo”

F.J.Caminha, escritor e ex-deputado. Foto: Divulgação

Com o título “Em política… vale tudo”, eis mais um conto de Francisco J. Caminha, escritor e ex-deputado estadual. 

Confira

O fatídico momento da votação se aproximava e ainda não havia certeza quem seria eleito presidente da Câmara de Vereadores de uma determinada cidade. Era uma disputa muito acirrada e dois fortíssimos candidatos concorriam a vaga numa complexa eleição secreta cheia de artimanhas de ambos os lados. Como diz o adágio popular: em política vale tudo, só não vale perder.

O articulador de um dos candidatos habilmente identificou a vulnerabilidade de um colega já comprometido em votar na chapa oposta a dele. Naquela hora, já não mais adiantava fazer promessas nem fechar compromissos e um único voto a mais ou a menos poderia decidir a eleição. Somente a força do lubrificante cívico, ou o “toddy”, como se dizia não gíria interna, poderia na última hora mudar de voto alguém.

O vereador, articulador de um dos candidatos, fez uma ação ousada e arriscada. Lembrou que tinha em seu gabinete duas rapaduras. Providenciou uma faca e, cirurgicamente, as cortou no formato de cédulas de dinheiro. Em seguida, juntou as duas e as embrulhou num papel pardo com a logomarca do Banco do Brasil.

No plenário, sorrateiramente chamou o vereador num canto e sussurrou baixinho no ouvido dele:

– Aqui está aquele “toddy” para você mudar o voto.

Entregou o pacote nas mãos do colega que, imediatamente, sentiu o peso e, na rapidez de um raio, o enfiou no bolso do paletó. E fez o sinal de “ok” com o polegar.

Votou apressadamente e foi ao banheiro conferir o combinado. Ao abrir o envelope do banco, deparou-se com as rapaduras. Furioso, saiu na caça do vereador que o enganou, mas ele já tinha votado e evadindo-se da Câmara Municipal.

No último instante, e por um voto apenas, aquele “toddy” determinou o vencedor.

Como diz o ditado popular: “Certos casos só se resolvem com muita peia ou dinheiro”.

Em política só tem valor antes de votar, a não ser que você se torne cúmplice de quem tem o poder ou seja você mesmo o próprio poder.

*Francsico J. Caminha

Escritor e ex-deputado estadual.

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