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“Empregado” ou “Colaborador”: a importância das palavras nas relações de trabalho”

Sabino Henrique, ex-presidente do Sindjorce e advogado. Foto; Arquvo Pessoal

Com o título “Empregado” ou “Colaborador”: a importância das palavras nas relações de trabalho”, eis artigo de Sabino Henrique, jornalista e advogado. “É fundamental que os trabalhadores estejam atentos a essas nuances terminológicas. Reconhecer-se como “empregado” é afirmar uma posição que garante direitos específicos, como salário, férias remuneradas, 13º salário e proteção contra demissão arbitrária. Enquanto “colaborador” é um termo que pode ser utilizado para promover um ambiente de trabalho mais amigável, não deve substituir a terminologia legal que assegura os direitos trabalhistas”, expõe o articulista.

Confira:

Nas últimas décadas, observou-se uma tendência crescente entre empresas, jornalistas e profissionais de recursos humanos em substituir o termo “empregado” por “colaborador” ao se referirem aos trabalhadores. Essa mudança, iniciada na década de 1990 com a chegada de multinacionais ao Brasil, buscava suavizar a hierarquia existente nas relações laborais e promover um ambiente mais participativo.

No entanto, é crucial compreender que essa alteração terminológica pode ter implicações significativas na percepção e na consciência de classe dos trabalhadores. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “empregado” é toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a um empregador, sob dependência deste e mediante salário. Essa definição legal estabelece claramente os direitos e deveres inerentes à relação empregatícia.

Por outro lado, o termo “colaborador” sugere uma relação de parceria e cooperação, muitas vezes sem a conotação de subordinação e dos direitos trabalhistas assegurados pela legislação. Essa nomenclatura pode levar à falsa impressão de que não há distinção entre empregador e empregado, diluindo a percepção das diferenças de poder e responsabilidade existentes.

Essa estratégia linguística pode ser vista como uma tentativa de atenuar a consciência de classe dos trabalhadores, fazendo-os acreditar que são parceiros no negócio, quando, na realidade, estão em uma posição subordinada. Ao adotar o termo “colaborador”, corre-se o risco de obscurecer a natureza jurídica da relação de emprego, potencialmente enfraquecendo a mobilização por direitos e a solidariedade entre os trabalhadores.

É fundamental que os trabalhadores estejam atentos a essas nuances terminológicas. Reconhecer-se como “empregado” é afirmar uma posição que garante direitos específicos, como salário, férias remuneradas, 13º salário e proteção contra demissão arbitrária. Enquanto “colaborador” é um termo que pode ser utilizado para promover um ambiente de trabalho mais amigável, não deve substituir a terminologia legal que assegura os direitos trabalhistas.

Portanto, é essencial que os trabalhadores compreendam a importância das palavras utilizadas para defini-los. Manter a clareza sobre sua condição de “empregados” é vital para assegurar que seus direitos sejam plenamente reconhecidos e respeitados, evitando possíveis manipulações que possam surgir com o uso de termos que suavizam ou mascaram a realidade das relações de trabalho.

*Sabino Henrique

Jornalista e advogado.

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