“O gesto de diálogo entre duas lideranças de trajetórias e estilos tão distintos mostra que as diplomacias brasileira e americana estão em busca de equilíbrio e pragmatismo”, aponta o jornalista Luiz Henrique Campos
Confira:
O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizado na Malásia, marca momento simbólico nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Ainda que informal, a reunião sinaliza que os dois países estão virando página importante na tensão que abalou recentemente a boa diplomação entre as duas maiores nações das Américas com efeitos e leituras positivas sobre o que possa sair agora desse primeiro encontro.
O gesto de diálogo entre duas lideranças de trajetórias e estilos tão distintos mostra que as diplomacias brasileira e americana estão em busca de equilíbrio e pragmatismo, apostando na conversa em vez do confronto. Lula, por sua vez, demonstra sua reconhecida capacidade de diálogo e seu papel de estadista. Ao aceitar o encontro, reforça a imagem de um líder que, acima das diferenças ideológicas, prioriza o interesse nacional e a defesa da soberania brasileira.
O presidente mostrou que é possível manter boas relações com líderes de espectros políticos diversos, o que é essencial para um país que busca ampliar sua presença no cenário internacional. Resta saber, no entanto, o quanto dessa aproximação se converterá em resultados concretos. A diplomacia se move por meio de gestos simbólicos, mas o que de fato importa são as parcerias e acordos que possam gerar benefícios reais para o país. Se o diálogo abrir caminho para maior entendimento político, cooperação econômica e respeito mútuo, o encontro terá valido a pena.
Outro ponto relevante é que Trump parece ter revisto parte de suas percepções sobre o Brasil e sobre Lula. Ao aceitar sentar-se à mesa, ele reconhece, ainda que de forma indireta, que talvez não estivesse plenamente informado sobre o momento que o país vive e sobre a liderança do presidente brasileiro. Esse gesto, vindo de alguém conhecido por seu estilo combativo, indica possível reavaliação de posturas que antes eram marcadas por desconfiança.
Por mais que a extrema direita tente minimizar o episódio, o simples fato de o encontro ter ocorrido já representa uma derrota para aqueles que desejavam ver um Trump belicoso em relação ao Brasil. A diplomacia venceu o radicalismo. O diálogo mostrou-se mais forte do que a retórica. E, nesse sentido, o episódio na Malásia serve como lembrete de que, no mundo atual, o caminho do entendimento sempre tende a ser mais produtivo do que o da hostilidade.