Então, é Natal – Por Mirelle Costa

Então, é Natal - Por Mirelle Costa

E o que você fez? Fiz o que deu! Desde quando vi essa resposta na internet, eu assim respondo. Descobri que Papai Noel não existia ainda criança. Primeiro, desconfiei que ele não gostava muito de mim ou então que não enxergava direito, porque eu nunca ganhava o que pedia. Depois, pensei que minha mãe escrevia uma outra cartinha e entregava a ele em meu nome, porque eu sempre ganhava roupa em vez de brinquedo.

Quando eu finalmente ganhei um brinquedo, descobri a farsa. O jogo (bem legal até) veio com uma etiqueta do Baú da Felicidade, aí não teve mais jeito de me enganar, mas mamãe ainda tentou:
– Ele compra os presentes no mesmo lugar que sua avó. Ele também compra o carnê todos os anos pra, no fim do ano, trocar por presentes de Natal.
Não, definitivamente, nessa eu não caí.

Aí quando a gente cresce, nós, adultos, entramos em outras farsas, dessas que nós mesmos inventamos. A propaganda da família perfeita, com a margarina em volta da mesa, todo mundo sorrindo, bem cara dos anos 90 e 2000. Eu amei que a marca O Boticário fez uma campanha de Natal bem pé no chão. Filhos em volta da mesa, na noite natalina, começam a discutir sobre os cuidados com a mãe, já idosa, que ali está, ouvindo tudo. Ao final da história, elas entendem o medo de perder a mãe, que já existe ali, afinal, o envelhecer nos pega de surpresa.

Descobri que o Natal também pode ser triste há uns oito anos, quando meu marido perdeu a mãe. De lá pra cá, venho com medo desta data significar mais dor do que alegria. Pelos que já partiram, pela vida que não é mais a mesma. Crer no nascimento dentro da gente é mais difícil que crer no nascido. Porque crer no nascimento exige o meu esforço, diário. Crer no nascido é mais lúdico.

Eu li ontem um texto do escritor Nizan Guanaes (recomendo, inclusive) falando que reza pra ser gente! “Rezar é um Natal na alma”, ele disse e ainda completou que “Acreditar em Deus evita que a gente se ache Deus”.

A gente corre pra comprar as lembrancinhas (que substituíram os presentes), arrumar a casa, encomendar a ceia, comprar uma roupa (verde ou vermelha) pra passar a noite de Natal e postar depois no Instagram, mas parece que ser uma pessoa melhor sempre pode esperar. Não há data marcada pra ser uma pessoa melhor. Nunca vi uma pessoa correndo pra ser melhor (a não ser que esteja doente). Não há tempo determinado pra isso. Ninguém coloca no planner que “a partir do dia 25, serei uma pessoa melhor”. O Natal seria pra isso, principalmente, ou também?

Um Natal com mais Jesus e menos Noel pra nós!

Feliz!

Eliomar de Lima:

Ver comentários (2)

  • Suas palavras são verdadeiras.
    Q texto lindo e profundo,afinal, Natal é o nascimento de Jesus, é renovação, é saber perdoar e amar mais o próximo.

  • Excelente ponderação: "não há data marcada para ser uma pessoa melhor".

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