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“Entardecer a vida” – Por Zenilce Bruno

Zenilce Bruno é psicóloga e sexóloga. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Entardecer a vida”, eis artigo de Zenilce Bruno, psicóloga e sexóloga. “Como o pôr do sol, o entardecer da vida pode ter muitos encantos. A construção que fizemos nessa passagem pela vida, é que dará sustentabilidade, alegria e beleza ao amadurecer”, expõe a articulista.

Confira:

O pôr do sol é bonito, porque é efêmero, se fosse permanente nos cansaria. Nada permanece belo definitivamente, tudo termina, até mesmo um beijo ardente. Imaginemos por um instante, que o sol jamais vai se pôr, ou que nossa vida jamais terminará. Como nos comportaríamos, como nos sentiríamos em relação a este dia “eterno” e em relação à vida sem fim. O que neles poderíamos apreciar em sua definitiva repetição? É a alternância que nos possibilita tanto o amanhecer como o anoitecer. Assim também é a vida. Ela é bela em sua diversidade e temporalidade. É nessa provisoriedade que nos esforçamos para lhe dar sentido e prazer.

Tenho pensado muito nisso, particularmente nos últimos tempos o dia tem sido curto para o tanto de vida que quero viver e para o tanto de amor que quero dar. Parece que quando ficamos mais velhos, começamos a escrever as tais “cartas de amor ridículas”, subimos nos telhados, contamos a todos sobre o nosso amor, pedimos ajuda, imploramos perdão, prometemos mudanças e até conseguimos muitas vezes, mas em outras o sol se põe mais cedo do que esperávamos e perdemos o que achávamos ser a nossa última chance. No entanto, para nossa grata surpresa num outro dia o sol volta a brilhar.

Como o pôr do sol, o entardecer da vida pode ter muitos encantos. A construção que fizemos nessa passagem pela vida, é que dará sustentabilidade, alegria e beleza ao amadurecer. Isso não se improvisa, a gente constrói desde a infância, porque não há alegria do nada, mas do saldo de uma construção cuidadosa do sentido de nossa vida. O pôr do sol tem cheiro de saudade sim, mas é um privilégio ter do que sentir saudade. “O que a memória ama, fica eterno”, diz Adélia Prado. Fica eternizado em nossa memória, aquilo que construímos amorosa, ética e dignamente em nosso existir.

Há certa experiência de vazio em nós que só se preenche com o sentido que damos à vida. Esse sentido terá de ser dado aos pequenos fatos do cotidiano, e até mesmo ao sofrimento. É sábio compreender que ele nos transforma, possibilita-nos crescimento, beleza interna e maturidade. Melhor que banir o sofrimento, que nem por isso se vai, seria acolhê-lo, crescer e aprender com ele. Isso seria sábio, assim como compreender e amar a vida que existe no aqui e agora, no tempo em que se vive. Na verdade, a gente só pode ser feliz agora. Ontem se foi e amanhã é talvez. A chance de ser feliz é agora ou nunca.

Sabedoria não depende de sabermos muitas coisas, mas de vivermos com intensidade, pequenas e frequentes oportunidades a que a vida nos expõe, sem deixá-las passar em branco. É possível retirar desses momentos a lição e a cota de felicidade que eles escondem. Nos fragmentos do cotidiano podem estar contidos preciosos retalhos da vida, que não temos o direito de desperdiçar. Não posso mais perder nada e nem ninguém sem amá-los e sem me deixar amar.

*Zenilce Bruno

Psicóloga e sexóloga.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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