Entrevista exclusiva com Aline Bei – Por Mirelle Costa

Os leitores já esperam as 288 novas páginas de Aline Bei. Em junho, pela Companhia das Letras, será lançada “Uma delicada coleção de ausências”.

Com um posfácio até agora secreto, que promete surpreender a todos, a obra faz parte de uma trilogia involuntária que traz reflexões profundas sobre laços afetivos e familiares.

Uma delicada coleção de ausências volta a explorar temas como maternidade e infância. Desta vez, o romance inédito vai retratar um romance emocionante sobre três mulheres – neta, avó e bisavó – que precisam conviver em suas individualidades enquanto dividem traumas e mágoas que perpassam gerações.

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Eu tive a oportunidade (e a honra) de fazer uma entrevista exclusiva com a também autora das obras “O Peso do Pássaro Morto” e “A Pequena coreografia do Adeus”, finalista do Prêmio Jabuti, na categoria Romance Literário, e do Prêmio São Paulo de Literatura.

– Você mesma nomeia o espaço onde nós escrevemos como o nosso ateliê, então, onde precisamos estar com o nosso coração? O que precisamos deixar do lado de fora do nosso ateliê ? Há espaço para as expectativas dos outros que, ao ver um livro nosso publicado, por exemplo, pergunta logo quando virá o segundo e essa expectativa/ansiedade nunca cessa?

– “Colocar o nosso coração onde o outro espera imobiliza o nosso fazer criativo em algum momento. O tempo de uma obra não tem nada a ver com o tempo do desejo do outro de lê-la. O leitor para ser respeitado, precisa ser ouvido, mas a obra tem seu próprio ritmo, as próprias leis. Precisamos correr atrás de tantas coisas antes de uma obra. O processo não pode ser nem atrasado e nem adiantado, ser fiel ao tempo do trabalho é fundamental. É preciso escutar o processo. Até que nosso livro chegue no seu tempo é preciso respeitá-lo”.

– Você é (re)conhecida como autora empática e acessível, que atende com carinho seus leitores. Foi uma escolha consciente?
– “Eu também sou leitora, então faço um esforço para escutá-los. Só comecei a escrever depois de conhecer alguém que também escrevia. Em algum momento da minha vida, pensava que todos os autores estavam mortos. Essa proximidade pra mim é importante e isso abre o interesse das pessoas para escrever. De dez anos pra cá, muita coisa tem acontecido. Eventos em Grupos em torno do livro, como os clubes, mudam o cenário literário, então eu vejo leitores e leitoras se formando como leitores mais sensíveis e, como consequência, nós também nos formamos como autoras, com cada vez mais diversidade de publicações”.

– O topo é onde todos querem chegar. O que esse lugar te diz?
– “Quando escrevemos, aquele é um momento de uma grande incógnita. Não sabemos se a nossa obra terá um espaço no mundo lá fora. Cada vez que lançamos um livro, nos colocamos em um lugar de muita instabilidade. Chegar a um reconhecimento público exige um trabalho intenso. Quando as coisas começam a acontecer, como premiações, é preciso entender que não é algo tão fácil ou orgânico. Fico feliz quando acontece”.

-Quando o livro está pronto para ser publicado?
– “No processo de escrita, pensar o texto é mais importante que pensar o próprio livro (no sentido da publicação). Há muito sonho de ser escritor e pouca escrita, às vezes, isso acontece. Encontrar nas leituras que você faz uma espécie de iniciação ao seu processo, fazer cursos e oficinas de escrita, tudo isso é importante. Naturalmente você vai sentir a necessidade da publicação como parte natural do processo. Ter calma e concentração no texto é muito importante”.

(A escritora Aline Bei // Foto: Mirelle Costa)
(A escritora Aline Bei // Foto: Mirelle Costa)

Sei que vocês também ficaram com vontade de saber mais, eu também.
Agora, resta-nos esperar até o dia 10 de junho, data oficial do lançamento da obra “Uma delicada coleção de ausências”.
Enquanto isso, é possível garantir o exemplar que já está em pré-venda.
Segue o link: https://www.companhiadasletras.com.br/livro/9788535941296/uma-delicada-colecao-de-ausencias

Agradeço à Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE) pela oportunidade inesquecível. Aliás, a BECE está com uma programação gratuita durante o mês de maio, com oficinas formativas em diferentes temas: Edição de Originais Literários e Organização Básica de Acervo. Todas as formações contam com emissão de certificado.

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