Estudo inédito da Uece alerta sobre perigo das fake news na vacinação

A desinformação gera negacionismo.

Um estudo inédito realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará constata: a desinformação influencia na baixa adesão à vacina. Trata-se da pesquisa “Impacto das Fake news sobre vacinação na mortalidade por Covid-19: uma análise epidemiológica no Brasil”, publicada na Revista de Enfermagem da UFPI.

O estudo analisou dados entre janeiro de 2021 e dezembro de 2022 e identificou uma correlação significativa entre a circulação de fake news sobre vacinas e a mortalidade por Covid-19 no Brasil. “Isso quer dizer que, nos meses em que mais circularam fake news sobre vacinas, também foram registrados mais óbitos pela doença no Brasil e, à medida que diminuíram as fake news, as mortes também diminuiram”, explica a autora principal do artigo, Adriana Rodrigues.

Embora a hesitação vacinal não seja provocada exclusivamente pela desinformação, o estudo mostra que a propagação de notícias falsas pode comprometer a decisão da população quanto à vacinação, agravando quadros clínicos e levando, inclusive, à morte. “Outros estudos já apontavam os impactos das fake news na vacinação, mas este é o primeiro que estabelece uma correlação direta entre desinformação e mortalidade”, ressalta a professora da Uece e orientadora da pesquisa, Thereza Magalhães.

Impacto das Fake News

Para a análise, os dados foram coletados nas plataformas do Ministério da Saúde e das agências de checagem Lupa e Aos Fatos. Segundo Adriana Rodrigues, os resultados revelam o quanto a desinformação pode comprometer a saúde pública. “Isso mostra que as fake news impactaram negativamente a saúde coletiva, influenciando decisões individuais e fragilizando a confiança nas medidas de prevenção, entre elas, a vacinação.”

A pesquisadora também expressa preocupação com o momento atual. “Já circulam fake news que associam a vacina da gripe a mortes no Rio de Janeiro ou que afirmam que ela reduz a expectativa de vida. A baixa adesão da população neste momento pode ser uma consequência direta dessas falsas informações.”

Outra conclusão do estudo aponta que a cobertura vacinal, por si só, não apresentou correlação estatisticamente significativa com a mortalidade, sugerindo a necessidade de investigar outros fatores que possam estar influenciando esses resultados.

Reforço na informação

Diante dos achados, os autores reforçam a urgência em combater a desinformação e investir em estratégias de comunicação que promovam a confiança na ciência e nas instituições de saúde. O estudo também destaca a importância de políticas públicas voltadas ao enfrentamento das fake news e ao incentivo à adesão às campanhas de vacinação, fundamentais para prevenir surtos de doenças evitáveis.

Equiep de pesquisadores

Além de Adriana Rodrigues e de Thereza Magalhães, assinam também o estudo o coorientador, professor Thiago Garces, Roberta Duarte Maia Barakat, Sara Raquel de Melo Ferreira, Naara Régia Pinheiro Cavalcante e Virna Ribeiro Feitosa Cestari, vinculados ao Grupo de Pesquisa Epidemiologia, Cuidado em Cronicidades e Enfermagem (Grupecce).

DETALHE – O artigo é derivado de dissertação de Mestrado da autora principal, pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPSAC/Uece).

(Tmbém com site da Uece)

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