“Eu indico” – Por Mirelle Costa

Já comecei a gravar os episódios do podcast Cafezim com Literatura, que estreia no próximo dia 02 de dezembro e, cada vez que recebo um convidado, peço que ele sugira uma leitura.

Mirna Frota, do clube de leitura @leiturasparalelas indicou a obra de Jeferson Tenório, o Avesso da Pele, lida pelo grupo em agosto de 2024.

“Achei o livro ótimo, porque aborda de um jeito bem claro as violências que a população negra enfrenta e, por isso, fiz questão de que a obra fizesse parte de nossas leituras do grupo”, explica Mirna Frota. Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, O avesso da pele é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira. Vencedor do Prêmio Jabuti na categoria “Romance Literário”. 

O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.

O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea. (Informações extraídas do site Amazon).

O escritor Rafael Caneca sugeriu a obra “República Luminosa”, de Andrés Barba.

“Não entendo como essa história não teve o destaque merecido no mercado brasileiro, principalmente porque quando o li me veio à cabeça, na mesma hora, “Capitães da areia”, do Jorge Amado”, desabafou Rafael. Um romance angustiante e grandioso a respeito da infância e violência. O aparecimento de crianças violentas de origem desconhecida perturba — e subverte — a vida de San Cristóbal, uma cidade encravada entre a selva e o rio. Vinte anos depois, uma das testemunhas revisita o episódio numa crônica recheada de fatos, evidências e especulações sobre como a cidade foi forçada a reformular sua ideia de ordem e violência, além da própria noção de infância.

Rafael Caneca, inclusive, entra em pré-venda, no próximo dia 03 de dezembro, com a obra “Não volte sem ele”, um romance histórico que se passa no sertão cearense na década de 1930. O jovem Tomás Alves parte de Mombaça rumo a Fortaleza em busca de seu irmão, Antônio, que havia saído anos antes e, de uma hora para outra, deixou de se comunicar com os Alves. Encarregado de levar uma carta para o irmão e uma imagem da santa que sempre havia protegido a família, Tomás segue para Senador Pompeu para pegar o trem para Fortaleza, mas acaba indo parar no Patu, um campo de concentração criado na época justamente para encurralar os sertanejos miseráveis e impedir que eles “sujassem” a capital.

“Você sabia que já tivemos campos de concentração no Ceará? Desde que eu descobri, isso me inquietou. E talvez seja exatamente isso que a literatura faça de melhor: tirar a gente do lugar, fazer a gente olhar para aquilo que foi varrido para debaixo do tapete da história oficial e dizer: “isso aconteceu de verdade, essas pessoas viveram e sofreram aqui”. Quando recomendo “República luminosa” ou quando escrevo “Não volte sem ele”, não falo apenas de livros. Falo de memória e de histórias que precisam ser contadas — e lidas — porque nos ajudam a entender quem somos e, principalmente, quem não queremos voltar a ser. A literatura consegue transformar dados históricos em carne, osso e sentimento. Ela faz com que números e datas se tornem vidas (ainda que fictícias, mas com os dois pés no real), com nomes, sonhos e medos. E é por isso que continuo escrevendo, lendo e recomendando: porque acredito que cada história resgatada e cada memória preservada é um pequeno ato de resistência contra o esquecimento.

Cearenses em destaque

Dois cearenses foram agraciados na 51ª Seleção Anual da FNLIJ, o prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Na categoria Odylo Costa, filho — O Melhor Livro de Poesia, Bento Vento Tempo, do escritor Stênio Gardel, foi escolhido melhor livro de poesia 2025 e o autor também foi reconhecido como escritor revelação 2025. Uma narrativa sensível e belamente ilustrada sobre um menino, seu avô e a grande aventura que vivem juntos.

Na categoria Orígenes Lessa — O Melhor Livro para Jovem, a obra agraciada foi Salvaterra: breve romance de coragem (SM), de Marília Lovatel, obra agraciada pelo prêmio Barco a Vapor.

O livro narra a história de superação e coragem de uma menina que rompe com o que está predeterminado para as mulheres de sua condição familiar, social e econômica rumo ao seu propósito de vida. Com uma voz narrativa singular e autêntica, que parece provir dos recônditos impenetráveis da floresta, a narradora descreve, em linguagem poética e precisa, a dura rotina de sua infância e adolescência no seio de uma família numerosa em que quase não havia espaço para sonhar devido à lida diária de todos no campo, especialmente no manejo de búfalos, e a luta pela sobrevivência no maior arquipélago fluviomarinho do mundo, localizado no estuário do rio Amazonas. Uma narrativa profunda, tocante, que nos conduz à compreensão da vida nesse ambiente, da ligação com a terra e os animais, da luta pela sobrevivência e da busca por identidade e propósito de vida, ao mesmo tempo que chama a atenção para questões e desafios ambientais a que todos estamos sujeitos.

Parabéns aos nossos talentosos conterrâneos!!!

Confira a lista completa aqui: https://www.publishnews.com.br/materias/2025/11/17/premio-fnlij-2025-anuncia-selecionados-e-destaca-forca-da-producao-infantojuvenil

Não perca!

Dia 02 de dezembro, o podcast Cafezim com Literatura entra no ar, pelo Youtube.

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