“Eu só quero é ser feliz” – Por Plauto de Lima

Plauto de Lima é coronel da reserva da PM e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. Foto - Arquivo Pessoal.

Com o título “Eu só quero é ser feliz”, eis título do artigo de Plauto de Lima, coronel RR da PMCE e mestre em Planejamento de Políticas Públicas.

Nos anos noventa, o Brasil foi marcado musicalmente pelo estilo do rap — um gênero caracterizado por relatar o dia a dia dos moradores das favelas, especialmente as do Rio de Janeiro. O “Rap da Felicidade” foi um desses sucessos que caiu no gosto popular. A canção tinha um refrão que grudou na mente como chiclete:

“Eu só quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela em que nasci / E poder me orgulhar e ter a consciência / Que o pobre tem seu lugar.”

Todavia, após as recentes operações policiais realizadas em favelas do Rio de Janeiro, com o apoio da polícia cearense, foram descobertas verdadeiras mansões onde viviam, com luxo, chefões do crime organizado — inclusive alguns criminosos que ordenavam execuções no Ceará. Nesse caso, a “felicidade” não estava relacionada à simplicidade da vida de um morador dessas comunidades, mas sim ao poder, ao dinheiro e ao domínio pelo medo.

Dizem que o dinheiro é o único poder que atua sobre a vida social. No caso do dinheiro oriundo do tráfico — que transforma esses bandidos em figuras poderosas —, a vida dos moradores está submetida ao terror que os impede de andar tranquilamente na favela onde nasceram e, em alguns casos extremos, de permanecerem nesses lugares, sendo humilhados ou expulsos.

Pessoas que não vivem a realidade dessas comunidades — e que gravitam em torno de uma política dita progressista — costumam apresentar soluções carregadas de um pacifismo ideológico. Na prática, suas propostas apenas acumulam regressos na vida daqueles que enfrentam essa opressora realidade. O fato é que esse pacifismo inoperante facilitou o domínio territorial dos criminosos e aumentou o sofrimento da população mais pobre, que hoje é forçada a conviver diariamente com uma violência extremada, que, de tão rotineira, já parece não causar mais indignação.

É verdade que as operações policiais causam desconforto à comunidade. Afinal, todos queremos viver em paz, e a guerra contra o tráfico de drogas traz danos — como toda guerra —, pois há um oponente criminoso que reage com extrema violência. No entanto, a solução belicosa imposta pelo Estado se mostra necessária. Mesmo podendo haver, ocasionalmente, excessos por parte das forças policiais, ao menos nesses casos a população pode recorrer à Justiça — o que não acontece diante dos abusos praticados pelos criminosos.

Que o Estado siga firme, intensificando as operações policiais. Infelizmente, diante do nível de violência que o Ceará atingiu, para que se alcance a paz, será preciso enfrentar essa guerra. Quem sabe, um dia, o morador da favela possa finalmente completar a estrofe do verso que usei como título deste artigo: ” …andar tranquilamente na favela em que nasci”.

*Plauto de Lima

Coronel RR da PMCE e Mestre em Planejamento de Políticas Públicas.

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