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“Exemplos dignificantes de Pedro I”

Barros Alves é jornalista e poeta

“A vida do jovem imperador brasileiro está cheia de atos de coragem, altivez e altruísmo”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves.

Confira:

Ao tomar conhecimento da ação constitucionalizante que o jovem Imperador Pedro I, estava realizando no Brasil depois da independência, o político e escritor Benjamin Constant de Rebecque (não confundir com o Benjamin Constant, um dos arquitetos do golpe republicano de 1889), escreveu em tom profético, em 1828, que “Na Europa, ele estará, imediatamente, na linha de frente, e será o homem da liberdade constitucional.” Constant, que escreveu um volumoso tratado intitulado “Princípios de Política Aplicáveis a Todos os Governos”, morreu em 1830 e, portanto, não presenciou a passagem pela França, em 1831, de Pedro I, que depois de haver constitucionalizado o Brasil, estava a caminho de Portugal para fazer frente aos desmandos do irmão Dom Miguel, o qual, ousou surrupiar-lhe o trono em que pontificaria como Dom Pedro IV. Com efeito, o imperador brasileiro protagonizou uma guerra vitoriosa para defenestrar o irmão absolutista do trono português, que ficou conhecida como Guerra Civil Portuguesa (1832-1834) e também Guerras Liberais, Guerra Miguelista ou ainda Guerra dos Dois Irmãos. Pedro I do Brasil e Pedro IV de Portugal passou o poder para a filha Dona Maria da Glória, aquela que fora diretamente ludibriada pelo tio Dom Miguel. Pedro IV, inda hoje venerado em Portugal como o “Rei Soldado” e o “Rei Libertador”, ao contrário do que ocorre no Brasil em face da ignorância de muitos e da má fé de outro tanto, sobretudo na academia, constitucionalizou também a Pátria que o viu nascer. Faleceu poucos dias depois da vitória, a 24 de setembro de 1834, aos 36 anos de idade.

A vida do jovem imperador brasileiro está cheia de atos de coragem, altivez e altruísmo. Quando o General Avilez, comandante das tropas lusas, aquartelou-se no Rio de Janeiro em clara afronta ao então Príncipe Regente, por este insubordinar-se diante das insistentes determinações das Cortes portuguesas, Pedro foi pessoalmente dar-lhe ultimato para que se retirasse para a Praia Grande e, depois, em razão do aumento da tensão, intimou-o a partir para Portugal.

Não se olvide a magnanimidade do imperador. Depois das desavenças com os Andradas, que intentaram ir de encontro às postulações do imperador na Constituinte de 1823, estimulando a elaboração de uma Carta menos democrática do que a que foi outorgada por Pedro I em 1824 (cf. Afonso Arinos de Melo Franco citado por Leôncio Basbaum), eis que quando abdicou do trono para o filho, futuro Pedro II, chamou para cuidar do herdeiro ainda criança exatamente o velho amigo e conselheiro José Bonifácio. Conhecia as qualidades intelectuais e o caráter ilibado do Patriarca da Independência.

O desconhecimento da história ou mesmo a cretinice de alguns imputam ações de desonestidade a Pedro I, o que não passa de fofoca de comadres. Em 1831, quando esteve na França a caminho de Portugal, Pedro I, padecia da falta de recursos e procurou amigos que os ajudasse a retomar o trono usurpado pelo irmão. Na condição de Duque de Bragança, ex-imperador do Brasil, escreveu ao diplomata amigo José Marcelino Gonçalves: “Contando que V. Exa. conservará para com D. Pedro quando simples particular, aquele mesmo grau de amizade que mostrava a D. Pedro quando imperador do Brasil, tomo a liberdade, depois de lhe fazer os meus cumprimentos, de lhe pedir que haja de me alugar uma casa na Rue de Saint Honoré (…) Como poderá pensar que eu desejo um palácio, mister é que o advirta que fui imperador que só tratou da pátria, e não de si, e por isso nada possuo; portanto, uma casa barata e decente é o que me convém, onde eu caiba com minha esposa e a rainha (Maria da Glória) que em breve chegará a Brest e que desembarcará debaixo do título de Duquesa do Porto.”

O povo brasileiro deveria exaltar homens da grandeza de Pedro I, cujos exemplos de dignidade iluminam nossa história. Bem ao contrário de determinadas nulidades, figuras execráveis, que atualmente se encastelam em lugar de honra nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Barros Alves é jornalista e poeta

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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