Extrato da graviola combate larvas do Aedes aegypti, aponta pesquisa do IFCE

Professor Alzeir Rodrigues, do IFCE de Acopiara, lidera a pesquisa. Foto: IFCE

Um novo aliado natural no combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, está surgindo a partir de pesquisas conduzidas no campus de Acopiara do Instituto Federal do Ceará (IFCE). Sob liderança do professor Alzeir Rodrigues, as pesquisas demonstraram que o extrato da semente da graviola (Annona muricata) possui forte ação larvicida, eliminando até 100% das larvas em laboratório, mesmo em baixas concentrações.

“Como as plantas são ricas em compostos bioativos que são resultado do metabolismo secundário, essenciais para a sobrevivência dessas espécies, é de conhecimento que essas substâncias podem possuir diferentes atividades biológicas, dentre elas a atividade larvicida”, explica Rodrigues.

O estudo começou durante o mestrado do pesquisador na Unilab, quando Alzeir iniciou a investigação sobre compostos naturais como alternativas ao uso de inseticidas químicos sintéticos, que causam impacto ambiental e podem eliminar organismos não-alvo. A pesquisa avançou no doutorado em Biotecnologia pela Uece, quando foi identificada a anonacina, molécula com potencial larvicida até 20 vezes superior ao óleo essencial de cravo-da-índia.

Essa substância pertence ao grupo das acetogeninas, capazes de inibir enzimas essenciais ao metabolismo larval. Resultados semelhantes foram obtidos com o biribá (Annona mucosa), cuja pesquisa resultou em carta-patente.

Um diferencial do trabalho é o caráter ambiental: o extrato da graviola é obtido a partir de sementes descartadas por indústrias de polpa, o que torna o processo mais sustentável e de baixo custo. “É um resíduo que hoje não tem utilidade comercial, mas que concentra os principais componentes de ação larvicida”, destaca o pesquisador.

A pesquisa tem envolvido estudantes bolsistas de graduação e ensino médio no campus de Acopiara do IFCE, que colaboraram na identificação das frações mais eficientes, concentrações letais e tempo de exposição necessário. Os testes, realizados com larvas de laboratório e coletadas em campo, revelaram ação já nas primeiras seis horas, apontando para uso em ações rápidas de controle.

Primeiros estudos de toxicidade sugerem baixa periculosidade para vertebrados, o que amplia as possibilidades de aplicação, desde que não em água destinada ao consumo humano. Para o futuro, o professor Alzeir Rodrigues planeja testar os extratos em ambientes reais, como caixas d’água e depósitos, em parceria com agentes de endemias. “A expectativa é que esses compostos possam ser utilizados em locais com focos recorrentes de larvas, sobretudo em áreas urbanas”, projeta o pesquisador.

(Agência IFCE)

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