Categorias: Artigo

“Felicidade e liberdade”

Valmir Pontes Filho é jurista, professor e ex-procurador-geral do município de Fortaleza. Foto: Divulgação

“É nosso dever ter gratidão por esses instantes, devendo ser Deus o destinatário desse nobre sentimento”, aponta o advogado Valmir Pontes Filho. Confira:

Não nos é permitido, ainda, experimentar uma existência terrena absolutamente feliz. Temos, sim, a prorrogativa de viver momentos de felicidade, que devem ser ao máximo aproveitados. Até por que – como me disse uma estimada amiga, a reproduzir canção de Moacir Franco (só os mais velhos se lembram dele), segundo a qual “… vivemos mesmo os nove meses do útero… a partir daí começamos a morrer”.

Aproveitar bem esta passagem, rápida ou nem tanto, pelo Planeta que habitamos, é uma tarefa hercúlea, a exigir renúncia, abnegação, humildade e resistência (resiliência é a palavra da moda, não é?). É nosso dever ter gratidão por esses instantes, devendo ser Deus o destinatário desse nobre sentimento.

Ser feliz significa possuir riqueza material, como para muitos “inquilinos” deste pequeno orbe parece ser? Valho-me das sábias palavras de um homem famoso, admirado, amoedado e, não bastasse, bonito – Clint Estwood, do alto dos seus 94 anos: “… não procure luxo nas lojas, nas festas, nos presentes… luxo é ser amado pelas pessoas, é ser respeitado, é ter os pais vivos… luxo é aquilo que o dinheiro não compra”.

Um sábio também teria dito, com objetiva candura: conheço uma pessoa tão pobre, mas tão pobre mesmo, que tudo o que ele tem é dinheiro. Muitos não percebem que caixão não tem gavetas… e se uma família parece ser unida, espere-se a abertura do inventário (por menor que seja). “Dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo espírito, do que se o fossem pelo sangue” (Allan Kardec).

Diversas criaturas, em busca do poder (político, por exemplo), vendem a alma por pecúnia, sem qualquer pudor. Roubar e furtar passou, para estes, a ser um vício, um hábito (o mesmo se diga a respeito do ato de mentir deslavadamente). Doentio, isto.

Ser FELIZ é ser paciente, tolerante com quem diverge de você e, até mesmo, com quem lhe agride. Não se trata de covardia, mas de grandeza moral e espiritual. Nas palavras do grande Chico Xavier, “…quando alguém lhe magoar ou ofender, não retruque…sinta compaixão daquele que precisa ofender para sentir-se forte”. Claro que devemos manter nosso amor próprio (ame os outros como a si mesmo, foi a lição do Cristo), esperando o respeito alheio, mas sem soberba ou arrogância.

Ser FELIZ é praticar a CARIDADE, que não importa apenas o “dar”, mas o compreender, o tolerar, o ser ouvidos, o acarinhar e o ser atencioso. Não alimente preconceito contra quem, por exemplo, adota uma religião (ou doutrina) diferente da sua. No meu particular caso, digo como o fez Raul Teixeira: “Ser espírita não é para quem quer, mas para quem aguenta”. Ser FELIZ é ser grato ao Criador até mesmo pelas coisas ruins que lhe acontecem, pois elas vêm para nosso aprendizado e crescimento.

Por outro lado – e uma coisa está umbilicalmente ligada à outra – ser LIVRE é ter consciência de que o lugar de Deus é o da NÃO DIMENSÃO, bem como que Ele NÃO PRECISA DE CRENÇAS. Deus simplesmente É um SER constatável, do qual apenas se toma ciência.

Seu Filho, o Nazareno, não pregou em templos de mármore nem se cobria de vestes suntuosas ou ornadas com apetrechos faiscantes (o que brilhava eram seus olhos e suas palavras). Andava, de sandálias rotas, com os desafortunados, os doentes, os de “má vida”, para lhes oferecer esperança e recuperação. Quando um gentio ou fariseu arrependido aos seus pés se ajoelhava, apressava-se Ele em levantar a pobre criatura. Amou como um iluminado e especial enviado do Pai, mas também como homem.

Ser LIVRE é poder, sem restrições tribunalícias, realizar suas escolhas quanto a costumes, educação formal e informal, convicções político-ideológicas. É poder ir e vir, salvo legítima e fundamentada condenação penal (*), é poder pensar e manifestar sem receios o seu pensamento, é instruir-se cada vez mais e questionar o que lhe parece moralmente errado. Importa, como disse recentemente meu pai, seguir o VADEMECUM DIVINO… ou, pelo menos, a Constituição do país (que é uma só, não 11 diferentes, ao sabor de seus supremos e exóticos intérpretes).

Ser FELIZ e LIVRE é votar com consciência e ter a comprovação desse voto, é ter segurança pessoal (jurídica, inclusive) e não invejar que tem sucesso (mas buscá-lo sempre, de forma honesta e legítima). No fundo, afinal, ser FELIZ e LIVRE é ser SIMPLES.

Valmir Pontes Filho é advogado e professor

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais