Vamos acrescentar com este artigo, mais um componente ao nosso portfólio de indicadores importantes para avaliarmos o crescimento econômico. O FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), se propõe a avaliar as mutações dos investimentos, pois este fluxo se demonstra capacidade de descrever a dinâmica e a trajetória da atividade econômica, pois agrega um papel duplo que inclui o estimulo à demanda e a expansão da capacidade de oferta.
Podemos perceber de forma clara, conforme apontamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) que pelo histórico brasileiro de baixas taxas de investimentos, chegando a serem inferiores a 20% do PIB (Produto Interno Bruto), estando entre as menores dos países do G20, o reflexo com viés de baixa no nosso crescimento econômico.
Por tanto, vamos avaliar agora como se dá a relação entre a taxa de investimento e o crescimento econômico do país:
MEDIÇÃO DA TAXA DE INVESTIMENTO DE UM PAÍS
Para as contas nacionais, o volume de investimentos da economia vem pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), a qual ilustra a ampliação da capacidade de produção e da geração de renda de uma economia, por intermédio da absorção de novos ativos fixos e do aprimoramento de novos ativos intangíveis, porém não pode ser confundida com investimentos com características puramente financeiras.
Podemos afirmar que a taxa de investimento, é a participação da FCBF sobre o PIB.
AVALIANDO A TAXA DE INVESTIMENTO DO BRASIL EM COMPARAÇÃO AO G20
Pelos dados do IBGE e do Banco Mundial, nos períodos de 2010 a 2022, as taxas de investimentos mais elevadas têm sido observadas em países asiáticos, os quais vêm apresentando forte e recorrente crescimento econômico nas últimas décadas.
Pelos relatórios apresentados por estes órgãos, a taxa de investimento mais expressiva que o Brasil apresentou foi em 2013 (20,9%). Porém, a partir deste marco, tem se mantido sempre abaixo de 20%. Veremos que a China teve um indicador mínimo de 41,6%, bem como a maioria dos países do G20 não apontaram taxas menores do que 20% entre 2014 e 2022.
O Brasil vem preocupando também não só pelo baixo rendimento da sua taxa de investimento, mas pelo sua variabilidade apresentada neste período. Tal variação, vem apontando o mais representativo viés de baixa, entre o seu nível mais elevado (2013) e o seu menor nível (2017), comparando com todos os outros países do G20. Esse ponto é de extrema relevância pois, na medida que a tomada de decisão de investimentos de agentes econômicos é impactada pela esperança de crescimento futuro da atividade econômica, e as suas oscilações de taxa de crescimento observadas nos últimos períodos indicam mais incertezas quanto ao futuro, isso levará os agentes econômicos a retraírem seus investimentos.
VISÃO DA COMPOSIÇÃO DO FBCF PELO LADO DA OFERTA
Itens como máquinas, equipamentos e construções, somados perfazem a quase totalidade do FBCF, sendo responsáveis por quase toda a variação da taxa de investimentos. Elementos com restrição ao crédito imobiliário, retração de investimentos públicos e outros problemas enfrentados pelas construtoras, são fatores que determinam a queda no componente construção. Já o baixo desempenho na aquisição de máquinas e equipamentos, pode ser atribuído ao tímido crescimento da economia.
Podemos constatar que componentes como produtos de propriedade intelectual (PPI), representam em torno de 2% do PIB. Já investimentos em P&D (Pesquisa e desenvolvimento), demonstram queda.
VISÃO DA COMPOSIÇÃO DO FBCF PELO LADO DA DEMANDA
Neste ponto de visão, temos três setores institucionais – Empresas não financeiras, Governo Geral e Famílias.
As empresas não financeiras tende a seguir o crescimento econômico.
A FBCF geral do governo teve média de 2,3% do PIB entre 2010 e 2021. O que representa uma baixa considerável. Vejamos como se comportaram outros países no mesmo período:
5,1% – Japão
4,7% – Coréia do Sul
3,7% – França
O total dos investimentos das famílias é formado em média por compra de imóveis residenciais, os quais tem uma relação direta com as condições de crédito imobiliário do período.