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“Fortaleza não está à venda”- Por Ivan Batista

Ivan Batista durante a ultima campanha, ao lado de Evandro Leitão. Foto: Facebook

Com o título “Fortaleza não está à venda”, eis artigo de Ivan Batista, presidente da Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza. Ele critica a aprovação, pela Câmara Municipal, da revisão do Plano Diretor.

Confira:

A Federação de Entidades de Bairros e Favelas de Fortaleza (FBFF) manifesta sua profunda indignação diante da forma autoritária e irresponsável com que a Câmara Municipal de Fortaleza rasgou o processo democrático de construção do Plano Diretor Participativo. O que vivemos nas últimas semanas não foi apenas um atropelo técnico: foi uma traição à cidade e ao seu povo.

Durante meses, comunidades, especialistas, gestores públicos, movimentos sociais, universidades, conselhos e representantes de diversos setores participaram de reuniões, oficinas e audiências públicas com o compromisso de pensar uma Fortaleza mais justa, sustentável e organizada. Esse esforço coletivo foi simplesmente ignorado. Em seu lugar, prevaleceu a lógica dos negócios, da pressa, da votação às escuras e de desprezo absoluto pelo pacto democrático que deveria orientar o planejamento urbano.

O Plano Diretor é o instrumento mais importante da política urbana. Não é uma peça burocrática: é o que define como Fortaleza vai crescer, para quem a cidade vai servir e como cada território será protegido, ocupado e valorizado. E é justamente nesse ponto que ocorreu a maior violência: o zoneamento urbano – que deveria garantir Zonas Especiais de Interesse Social, Zonas de Proteção Ambiental, Zonas de Interesse Cultural e áreas destinadas à habitação de interesse social digna – foi desfigurado para atender a interesses privados..

Não queremos paralisar Fortaleza. Não somos contra grandes investimentos. O que exigimos é que desenvolvimento não seja sinônimo de desigualdade, expulsão, destruição ambiental e privilégio de poucos. Toda grande obra privada depende de aprovação pública para existir. E se a cidade concede essa autorização, o povo trabalhador – verdadeiro mantenedor da vida urbana – tem direito ao bônus do desenvolvimento, aos espaços públicos qualificados, à moradia bem localizada, aos parques, às áreas verdes, à proteção das dunas, dos manguezais e de toda o nosso patrimônio ambiental. Queremos desenvolvimento, principalmente, para quem constrói a cidade.

Perguntamos à Câmara Municipal de Fortaleza:
Onde está a Outorga Onerosa do Direito de Construir, que deveria garantir retorno social quando o mercado obtém lucro extraordinário?
Onde está o limite para a verticalização predatória na orla marítima?
Onde estão as ZEIS que protegem as comunidades populares?
Onde estão as zonas de interesse ambiental, cultural e habitacional que foram exigidas nas audiências públicas?
Onde está o povo trabalhador de Fortaleza nesse plano mutilado?
Onde está o banco de terras da quarta capital do país?

Diante dessa afronta, anunciamos que não permaneceremos calados. A democracia urbana foi ferida e, por isso, há medidas necessárias para restaurá-la. Entre elas:

A proposição de Ações Diretas de Inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça;

Ações Civis Públicas para contestar a ausência de participação popular;

Mandados de Segurança Coletivos para anular o processo legislativo violado;

Requerimentos ao Ministério Público e à Defensoria Pública;

Denúncias a organismos nacionais e internacionais defensores do direito à cidade, da moradia e do meio ambiente.

A cidade não pode ser governada ao sabor do lucro. Ela pertence ao povo que a constrói todos os dias, especialmente ao povo trabalhador que mantém esta urbe viva, pulsante e possível.

Reafirmamos: lutaremos nas ruas, nas comunidades, nas instituições e nos tribunais. O Plano Diretor mutilado não representa Fortaleza. Representa apenas a pressa e os privilégios de poucos. A cidade que queremos é justa, inclusiva, plural, democrática, moderna, inovadora e ambiental e historicamente responsável.

Fortaleza é a nossa casa. A casa de todo o seu povo.

*Ivan Batista

Presidente da Federação de Entidades de Bairros e Favelas de Fortaleza (FBFF)

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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