Com o título “Fortaleza: o PT e a opção pelo voto responsável”, eis artigo de De Assis Diniz, deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores do Ceará. “O resultado eleitoral do PT sinaliza a força de uma sigla que ainda está num processo de reconstrução, após anos de ataques sucessivos à sua imagem”, expõe o articulista.
Confira:
A vitória de Evandro Leitão colocou o Ceará em definitivo como o Estado onde o PT fez mais prefeituras no Brasil em termos proporcionais. Sem dúvida, coloca Camilo Santana como uma figura de destaque no plano nacional do Partido, além do deputado José Guimarães, grande articulador nos municípios. Aqui, nas 47 cidades nas quais o PT governará, habitam quase 4 milhões de pessoas, ou seja, 44% da população. Nossa cidade manteve a dignidade e a tradição rebelde e optou pela experiência e a responsabilidade contra um adversário nitidamente despreparado, com uma imagem inflada pelas mídias sociais.
O resultado eleitoral do PT sinaliza a força de uma sigla que ainda está num processo de reconstrução, após anos de ataques sucessivos à sua imagem. Fortaleza foi a única capital onde o PT fez o prefeito, dentre as 252 cidades onde obteve vitória. O embate com a centro-direita foi árduo e continuará sendo difícil, mas o Partido persiste em ser uma referência política importante para o país.
Os adversários mudam. O PT permanece. Desde os embates contra a ditadura militar, passando pelos partidos que herdaram a tradição autoritária – como a Arena e o PDS -, enfrentando depois o neoliberalismo imposto pelo PSDB, o PT continua sendo o grande ícone da esquerda brasileira, único capaz de aglutinar forças de coalizão para enfrentar uma onda de conservadorismo que ressuscitou o fascismo no Brasil e no mundo.
Não à toa, o antipetismo é constantemente citado em todas as eleições. O PT, como sua história de luta pela classe trabalhadora, foco nas políticas públicas para os mais humildes e apreço por programas que geram emprego e renda para o máximo possível de pessoas, firmou-se como o grande alvo do extrema direita e seu discurso – que ganhou força nas redes sociais – baseado no individualismo, na meritocracia, na redução do tamanho do Estado e no empreendedorismo imediatista sem direitos trabalhistas.
O desafio, não só de Evandro, mas também de Elmano e de Lula, é encontrar as chaves de reconexão com alguns públicos, como por exemplo a juventude e os segmentos mais vulneráveis – “acolhidos” por seitas religiosas e pelo tráfico -, acelerando as medidas que o Estado precisa tomar para promover um desenvolvimento sustentável que acene para uma melhoria de vida para esta população, ao mesmo tempo retomando as estratégias de educação e partindo política.
*De Assis Diniz
Deputado estadual pelo PT do Ceará.