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“Fortaleza precisa urgentemente da Taxa do Lixo (e Deus que me perdoe por pedir isso!)” – Por Roberto Maciel

Roberto Maciel é jornalista

Com o título “Fortaleza precisa urgentemente da Taxa do Lixo (e Deus que me perdoe por pedir isso!)”, eis artigo de Roberto Maciel, jornalista, produtor cultural e titular do Portal InvestNE. “É claro que ninguém quer que pagar taxas, sejam públicas ou privadas, mas convenhamos: ninguém quer também ficar doente nem tropeçar em restos espalhados no caminho”, expõe o articulista.

Confira:

Parece tributariamente pecaminoso, mas é pura ansiedade e receio de um colapso: Fortaleza carece que a Prefeitura e a Câmara Municipal reinstituam a Taxa de Lixo – referência maldita muito associada à desastrosa e incompetente gestão (?) do ex-prefeito José Sarto (PDT). De outro jeito, pode haver um caos descomunal em várias frentes.

Quem buscar textos anteriores que escrevi sobre o tema vai certamente encontrar opiniões minhas defendendo que a cobrança fosse abolida. Mas vai, certamente também, se deparar com textos em que fiz menção não ao financiamento que o produtor de resíduos deve pagar pelo que gera e que impõe de despesa à cidade, mas à forma completamente obscura e turva com que Sarto geria a taxa – era um modelo sem transparência, sem possibilidade de acompanhamento pelo contribuinte.

É claro que ninguém quer que pagar taxas, sejam públicas ou privadas, mas convenhamos: ninguém quer também ficar doente nem tropeçar em restos espalhados no caminho.

Em qualquer análise com algum bom-senso há de se constatar que elementos urbanos como preservação ambiental, saúde, eliminação de pragas como roedores e insetos, tráfego de veículos e pessoas, transporte, economia popular e educação estão, entre muitos, contidos no que me atrevo a chamar de “arco logístico do lixo”.

Sem dinheiro para atuar nesse “arco”, nas funções de controlador e prestador de serviços, poder público nenhum tem como ser vitorioso numa luta intensa e diária como essa.

A foto que ilustra este meu texto foi feita nesta semana numa rua do bairro Guararapes, no qual reside gente endinheirada e onde há comércio, interesses imobiliários e serviços – inclusive educacionais – consolidados. O lixo que aparece nas imagens é lixo de gente bacana, “cidadãos de bem”, top, classe alta, de gente que dirige BMWs, Mercedes, Audis e Porshes. De quem mora em imóveis de alto valor e tem ar-condicionado na sala e TVs de 80 polegadas.

Não é lixo que se encontra em bairros populares – certamente como os em que moram os trabalhadores que também são vistos aqui. Talvez se possa dizer que o resíduo que se produz nas “zonas nobres” e que toma calçadas e leitos de ruas e que ocupa significativamente a mão-de-obra da coleta é símbolo de status.

E sabe o quanto o rico, que produz muito mais, paga diferentemente do pobre pela remoção e pelo tratamento do lixo? Nada. Os custos são, rigorosamente, os mesmos. Quem quase não gera lixo paga o mesmo que quem gera montanhas. Onde está a justiça tributária nisso? No lixo?

Resta um apelo que, reconheço, é arriscado: volta com a Taxa do Lixo, Evandro!

*Roberto Maciel

Jornalista, produtor cultural e titular do Portal InvestNE.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Ver comentários (2)

  • Transcrevo o trecho que mostra o tratamento diferenciado que penaliza os mais pobres.

    PERFEITO!
    Em condomínios o lixo é recolhido diariamente pelo zelador e pela prefeitura segue o padrão, mas a quantidade é absurda.

    E sabe o quanto o rico, que produz muito mais, paga diferentemente do pobre pela remoção e pelo tratamento do lixo? Nada. Os custos são, rigorosamente, os mesmos. Quem quase não gera lixo paga o mesmo que quem gera montanhas. Onde está a justiça tributária nisso? No lixo?

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