Com o título “Fosso Família-Escola”, eis o título de artigo de João Teles de Aguiar, professor, historiador e membro da Confraria da Leitura. Ele aborda avaliações da escola, do professor e do aluno.
Confira:
Na Educação, há um equívoco crasso: as famílias são mantidas distantes das Unidades de Ensino e, quando são chamadas, é pra B.O. (reclamação negativa). No dia em que o aluno pratica uma ação, faz uma boa apresentação ou encena algo positivo no teatro, nada é dito ou feito, para agradar a ele ou à família. Considera-se isso algo normal ou obrigação dele. Por que a família não é avisada ou chamada (falo de algo pontual e não de todo dia, claro) para uma conversa mais detida e aprazível? É tão difícil aplaudir, pra escola?
Isso tem perturbado, por demais, o ambiente escolar, uma vez que as comunidades ressabiam-se do que ocorre na escola, com a desculpa de que “só chamam pra reclamar”. E essa relação precisa ser melhor…
Isso é regra geral? Não. Muitas escolas caminham na direção contrária, sabe-se disso, mas ainda há muito equívoco.
No caso dos professores, além de enfrentarem a questão (crônica) salarial e péssimas condições de trabalho, ainda são muito cobrados e o aparato de material escolar – apoio (cartolina, papel duplex, cola, tesoura, fita, etc, ainda temos isso), é pouco e distante. Quantas vezes não reclamam, porque esse aparato todo vive trancafiado em um armário e quem está com a chave sumiu, mesmo o dito material tendo sido requisitado com antecedência.
A escola tem problemas, claro. E precisam ser enfrentados.
Na questão das Avaliações Escritas, que chegam à escola via secretarias de Educação, por que não são comparadas com outras aplicadas pelo professor, no seu cotidiano? Assim, teria ele mais subsídios para aquilatar seu trabalho, sua prática de avaliador de competência, já que, hoje, isso é feito de forma constante.
O professor tem acesso às avaliações todas? Tem. Mas, creio, só aquelas que são fruto do seu empenho, do seu planejamento.
Às vezes, uma avaliação de fora expõe questões em que o aluno nem teve acesso ao conteúdo. O professor não pode suprimi-lo do momento avaliativo, uma vez que aquela prova elaborada não faz parte de sua apuração/aglutinação daquilo que deve “cair na prova”.
Ou seja, a escola bem que poderia ter as duas realidades pintadas para as devidas comparações e análises, o que em nada faria mal ao dia a dia das Unidades de Ensino!
*João Teles de Aguiar
Professor e historiador, integrante do Projeto Confraria de Leitura