A Fundação Edson Queiroz vem ampliando seus investimentos em ciência aplicada e inovação no Ceará. Quer fortalecer o papel da Universidade de Fortaleza como centro de produção de conhecimento voltado para soluções reais da sociedade.
Esses investimentos se materializam na expansão das linhas de financiamento a pesquisadores, na modernização do parque tecnológico e na criação de novos laboratórios de pesquisa, com recursos próprios e em parceria com instituições de fomento como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação Cearense de Desenvolvimento Cinetífico e Tecnológico (Funcap).
Confira a seguir algumas dessas iniciativas:
*Avanço global na saúde neonatal
Pesquisas conduzidas sob a orientação do professor Alexandre Libório, do curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Unifor, foram decisivas para a atualização internacional dos critérios de diagnóstico da lesão renal aguda neonatal (AKI).
Os estudos, desenvolvidos em parceria com hospitais de referência do Ceará, demonstraram que o volume urinário é um marcador precoce de risco em recém-nascidos. Os resultados foram incorporados à nova diretriz mundial de nefrologia neonatal, consolidada em conferência internacional nos Estados Unidos em 2024.
A mudança possibilita diagnósticos mais rápidos e precisos, reduzindo complicações e mortalidade infantil.
*Saúde pública e inclusão social
Coordenado pela professora Maria Alix Leite de Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, o estudo em parceria com a Universidade de Harvard acompanhou crianças nascidas com sífilis congênita em 2015, período de escassez mundial da penicilina.
O trabalho analisou possíveis sequelas oftalmológicas, pediátricas e neurológicas em crianças que receberam tratamento alternativo, revelando importantes achados clínicos e gerando atendimentos de alta qualidade em parceria com o Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI).
A pesquisa foi reconhecida com o Prêmio Walter Takahashi de Melhor Tema Clínico, no BRAVS Meeting Retina 2025.
*Inteligência artificial a serviço da gestão pública
No campo da tecnologia e inovação, a professora Vládia Pinheiro, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA), liderou o projeto “Tributação 4.0”, em parceria com a Secretaria Municipal das Finanças (Sefin).
A equipe desenvolveu robôs de inteligência artificial capazes de automatizar o atendimento e a fiscalização tributária, identificando inconsistências e prevenindo fraudes em impostos como ISS e IPTU.
Além de agilizar processos e combater a evasão fiscal, a pesquisa contribui para uma arrecadação mais justa e transparente, fortalecendo os serviços públicos essenciais.
*Tecnologia para segurança e envelhecimento saudável
Liderado pela professora Andréia Formico, do Mestrado em Informática Aplicada, o estudo desenvolveu o TsetFall, um banco de dados público e inédito voltado à detecção automática de quedas humanas.
A ferramenta usa inteligência artificial e visão computacional para reconhecer quedas em tempo real, podendo ser aplicada em hospitais, casas de repouso e residências inteligentes. O projeto já foi apresentado em conferências internacionais como a IEEE SeGAH (Grécia) e o BRACIS 2025 (Brasil).
*Direito, memória e democracia
A doutora Thaís Araújo Dias, egressa do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional (PPGD), conquistou o Prêmio Capes de Tese 2025, tornando a Unifor a primeira instituição do Nordeste a vencer a premiação na área jurídica.
Sua pesquisa, intitulada “Ditadura legalizada: uma teoria constitucional autoritária brasileira dos atos institucionais”, analisa os Atos Institucionais do regime militar (1964–1979), revelando como o Direito foi instrumentalizado para legitimar práticas autoritárias.
A tese, orientada pelo professor Martonio Mont’Alverne Barreto, contribui para revisitar criticamente o passado e reforçar o compromisso democrático da ciência jurídica.