Governo Lula e a Instrumentalização Ideológica da Educação

João Arruda é sociólogo e professor aposentado da UFC. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Governo Lula e a Instrumentalização Ideológica da Educação”, eis artigo de João Arruda, professor aposentado da Universidade Federal do Ceará. Ele críticaa prova do Enem 2023. “A prova do ENEM teve de tudo. Diria mesmo que foi uma prova surreal.” Confira:

A prova do ENEM 2023, aplicada no domingo, dia 5, causou um enorme sentimento de indignação e repúdio
em diferentes segmentos da sociedade brasileira. A reação de embravecimento ao conteúdo dos enunciados
de algumas questões, contaminada pela nociva cultura Woke que as esquerdas globalistas querem nos impor
a todo custo, foi muito acima do esperado. A prova do ENEM teve de tudo. Diria mesmo que foi uma prova
surreal. Uma das questões que envolvia a interpretação das mensagens contidas em duas músicas do Caetano
Veloso, “Alegria, Alegria” e “Anjos Tronchos”, nem o autor conseguiu acertar, dizendo que “todas pareciam
estar certas”. Foi um festival de absurdos que me fez lembrar a música “Samba do Crioulo Doido”, do saudoso
Stanislaw Ponte Preta.

A prova já denuncia o seu intolerável ativismo político pela escolha do tema identitário da redação: “Desafios
para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, induzindo ao
aluno denunciar a chamada “dupla jornada de trabalho da mulher”, a sua relação com o sistema de exploração
capitalista e, como está na moda, a criminalização da cultura patriarcal judaico-cristã.

Porém, a questão 89 foi a que provocou a maior perplexidade e indignação, quando criminalizou, de maneira
desconexa, desonesta e simplista, o nosso eficiente agronegócio, responsável pela segurança alimentar de mais
de 1,2 bilhão de pessoas, e a consagrada EMBRAPA, a maior e mais eficiente empresa de pesquisa agropecuária
do planeta.

No Congresso Nacional, ainda na segunda-feira, dia 06, as Comissões de Agricultura e da Educação da Câmara
e do Senado oficializaram a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para prestar esclarecimentos
sobre a inexplicável criminalização da EMBRAPA e do agronegócio. A Frente Parlamentar da Agropecuária, por
sua vez, a maior e mais ativa frente parlamentar do Congresso, com mais de 360 membros, exteriorizou o seu
repúdio ao inusitado conteúdo, anunciando o seu compromisso em lutar para o desaparelhamento ideológico
dos ministérios da educação, da cultura, da agricultura e demais pastas, todas a serviço de interesses nefandos
e antinacionais

Xico Graziano, agrônomo e respeitado estudioso da agropecuária brasileira, reagiu com veemência ao
anacrônico argumento dos autores do texto referenciado. Segundo ele, a primeira coisa que fez ao saber da
questão 89 foi buscar o artigo original, citado na prova do Enem. O texto, publicado na revista Élisée, um
periódico sem nenhuma credibilidade na comunidade científica, remete à ocupação agrícola recente da região
conhecida como Matopiba, acrônimo dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Para Graziano, em
sua tentativa de criminalizar a EMBRAPA e o agronegócio, os autores usam como argumento a absurda tese de
que os camponeses, diferentemente dos operários urbanos, devem preservar e permanecer em seus espaços
agrários como uma “resistência” à expansão capitalista, preservando, a todo custo, o “modo de produção
camponês”.

Para Graziano, o que os autores defendem é a ideia anacrônica da “recamponização”, proposição idealista e
anticientífica, onde os saudosos camponeses continuariam plantando sementes crioulas, carpindo na enxada
e vendendo ovo caipira na feirinha. Isto significa o absurdo de se parar no tempo, rejeitando toda evolução
tecnológica e os grandes avanços civilizatórios.

Mesmo aceitando, com algumas ressalvas, as ponderações de Xico Graziano, para mim, nada explica melhor a
motivação dos autores e de muitos outros ambientalistas que condenam o agronegócio e a Embrapa é a defesa
impatriótica do projeto “Farms Here, Forests There” (Fazendas aqui, Florestas lá), uma palavra de ordem que
fez grande sucesso entre os fazendeiro americanos, um dos mais ativos e poderosos lobbies na defesa dos
interesses da agricultura americana.

Sua origem remonta ao início de 2010, quando a National Farmers Union (União Nacional dos Fazendeiros) e
a Avoided Deforestation Partners (Parceiros pelo Desmatamento Evitado), dos EUA, encomendaram um estudo,
assinado por Shari Friedman, da David Gardiner & Associates, para analisar a relação entre o desmatamento
tropical e a competitividade americana na agricultura e na indústria da madeira.

Esse estudo concluiu que o desenvolvimento crescente do agronegócio brasileiro vem provocando uma
inaceitável produção de commodites que compete e compromete a lucratividade dos produtores americanos,
sugerindo que o agronegócio brasileiro deve ser forçado a diminuir seu avanço como condição dos produtos
americanos se tornarem mais rentáveis. Esse estudo mostra que os produtores americanos teriam ganhos
entre US$ 190 bilhões a US$ 270 bilhões, entre 2012 e 2030, se a produção e produtividade do agronegócio
brasileiro fossem freadas.

A partir desse estudo, as ONGs ambientalistas anglo-americanas e seus parceiros nacionais assumiram o
compromisso em boicotar o nosso agronegócio e os seus parceiros. Pelo que podemos concluir, as campanhas
pela conservação das florestas tropicais e seu reflorestamento não seriam uma luta em defesa da humanidade,
como propagam, pois eles não estão nem um pouco preocupados com a situação ambiental.

Infelizmente, as ONGs estrangeiras e os seus serviçais brasileiros continuam atuando livremente em nosso país,
sem contar com qualquer forma de controle por parte das nossas autoridades. O establishment internacional
nos impõem, a cada dia, novos paradigmas contrários aos interesses nacionais. Não tenho dúvida de que
estamos sendo vítimas de uma perigosa guerra cognitiva, que ressignifica criminosamente nossas crenças,
valores e tradições em favor dos interesses das oligarquias internacionais. Esse processo, que empolga a
retrógrada e entreguista esquerda brasileira, está contaminando todas as nossas instituições. Em relação à
educação, a sua instrumentalização ideológica é a grande responsável do nosso país ostentar uma das piores
educação do Planeta.

*João Arruda,

Professor aposentado da Universidade Federal do Ceará.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Ver comentários (3)

  • Muito interessante essa colocação!! Realmente, ENEM está perdendo seu valor a cada ano que vem!!

  • Excelente texto. Muito esclarecedor dessa manipulação esquerdopata, em detrimento de uma educação de qualidade para nossas crianças.

  • O que este artigo retrata de forma veemente e esclarecedora é o Processo de Idiotização que o Sistema Educacional no Brasil, principalmente o Público, impõe às nossas crianças e adolescentes. Esse processo iniciou-se há muitas décadas, mas foi acelerado nos governos FHC e enormemente acelerado nos governos Lula e Dilma.
    As inúmeras Reformas nos diversos níveis de Ensino nos últimos 40-50 anos, nos levaram a disputar as últimas posições em quaisquer que sejam os testes que participamos. O próprio exame nacional do MEC realizado a cada dois anos para medir os conhecimentos dos alunos em constata que 90% dos alunos após o nono ano são incapazes de entender o que leem, assim como entenderem o que é uma fração.
    Outra consequência que essas desastradas, inconsequentes e propositadas reformas provocaram foi a redução do QI médio dos brasileiros que atualmente se encontra na faixa entre 80 a 90, que manifesta torpeza, no limiar da faixa qualificada como debilidade mental, ou seja, cerca de metade de nossa população testada pode ser considerada, em termos de testes de QI, débil mental.
    Em resumo, as reformas do ensino que crescentemente consideram as metodologias mais importantes que os conteúdos das disciplinas não poderiam ter levar a uma situação que difira da atualmente vivenciada pela Educação Brasileira.
    Infelizmente, ainda não estamos no fundo do poço, apenas nos equilibramos em fundo falso.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais