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“Há esperança naquilo que somos” – Por Suzete Nocrato

Suzete Nocrato é jornalista e mestre em Comunicação Social da UFC. Foto: Arquivo Pessoal

“Ver milhares de pessoas — cientistas, chefes de Estado, povos originários, pesquisadores, quilombolas, ativistas, líderes empresariais — reunidas em defesa do meio ambiente, na COP30, em Belém (PA), reacende uma centelha”, aponta a jornalista Suzete Nocrato

Confira:

Hoje quero falar sobre o quanto sou esperançosa com a humanidade. A despeito da violência que nos espreita a cada esquina, nos empurrando para trás de muros altos, vidros fechados, carros blindados, resiste em mim um desejo teimoso de acreditar.

Enquanto autoridades celebram a morte de adolescentes e jovens crescidos em comunidades esquecidas pelo poder público, privados dos direitos mais básicos e tragados por organizações criminosas que ocuparam o vazio deixado pelo Estado; e políticos defendem a proibição de se alimentar moradores de rua, numa típica hipocrisia da extrema-direita que se julga cristã, é fácil perder a fé.

Mas então, algo se acende.

Ver milhares de pessoas — cientistas, chefes de Estado, povos originários, pesquisadores, quilombolas, ativistas, líderes empresariais — reunidas em defesa do meio ambiente, na COP30, em Belém (PA), reacende uma centelha. Como não se esperançar diante dessa força coletiva? Como não acreditar ao ver jovens lideranças políticas lutando pela mata e pelos bichos de Fortaleza, pelo direito de existir em harmonia nesta casa chamada Terra, tão maltratada pela cobiça desenfreada do homem.

Guardo na alma a esperança. E ela não existe por desejo próprio. Ela se impõe em silêncio, através de pessoas devotadas que aceitam o convite de olhar, perceber e sentir o outro, sem limitar o amor. Nem sempre em gestos grandiosas, como as flotilhas que ousaram levar socorro ao povo palestino, dizimado pelo prazer cruel de extinguir uma gente, sob a complacência de governos ultrajantes.

Há esperança, sim. Miúda talvez, mas viva. Aqui, na terra alencarina, como em tantos lugares mundo afora, anônimos se irmanam para levar um pouco do muito que falta aos moradores de rua, aos doentes, aos esquecidos pela família e pelo Estado.

Esses abnegados trabalhadores no bem renunciam às horas de descanso para preparar comida em cozinhas improvisadas, seja em centros espíritas, lares simples, abrigos humildes, e sair pelas ruas da cidade para matar a fome de homens, mulheres e crianças inviabilizadas. Mais do que isso: saciar a fome do falar, do ouvir, do sorriso, do bom dia.

Outros se dedicam aos pacientes esquecidos nos hospitais públicos e filantrópicos, onde oferecem uma palavra de conforto, o banho do dia, o remédio, o carinho. E há tantos outros, invisíveis, mas imensos, que doam do pouco que têm para acolher quem vive à margem, nas calçadas e debaixo de viadutos.

Acredito na humanidade, que a empatia e o amor fazem toda a diferença em uma sociedade adoecida. Mas é preciso escolher o bem, dia após dia, como quem guarda o último fogo antes do amanhecer.

Suzete Nocrato é jornalista e Mestra em Comunicação na Universidade Federal do Ceará – UFC

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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