“A Revista do Instituto do Ceará é imprescindível para quantos desejam aprofundar conhecimentos na seara dos estudos históricos desta Terra de Iracema, enquanto os trabalhos publicados na Revista da Academia Cearense de Letras por si dizem da qualificação literária dos autores”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves.
Confira:
Duas respeitáveis sociedades pontificam no cenário cultural do nosso Estado desde a segunda metade do século dezenove: O Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), fundado em 1887, mercê do empenho e denodo de, entre outros, homens como o desembargador Paulino Nogueira Borges da Fonseca, um desvelado pesquisador da história do Ceará; e o médico Guilherme Chambly Studart, cujo título honorífico de Barão lhe foi concedido pela Santa Sé. Também ele um insuperável garimpador de documentos para a história cearense. Com o concurso de outros nomes de não menor preeminência no estudo e na pesquisa da formação antropossocial do nosso povo, assim como dos aspectos geo-históricos deste pedaço do Brasil, fundaram o Instituto que permanece vivo e atuante nos seus 137 anos de profícua existência. Atualmente o timoneiro da instituição é o General Júlio Lima Verde Campos de Oliveira, que conduz o barco com a firmeza de experiente navegador.
De igual modo, fundada em 15 de agosto de 1894, três anos antes da criação da Academia Brasileira de Letras, sob a liderança de Machado de Assis, a Academia Cearense de Letras, criada por ilustres cearenses, entre os quais destaco Tomás Pompeu de Sousa Brasil Filho, Antônio Bezerra, Barão de Studart e José Carlos da Costa Ribeiro Júnior, congrega intelectuais da melhor estirpe e personalidades da sociedade cearense que assomam nas Letras, nas Artes, na Educação e no mecenato cultural. Ao longo de sua história, a Academia empreendeu iniciativas que colocam o Ceará na vanguarda cultural aqui e alhures, servindo de bom exemplo para a intelectualidade dos demais Estados federados.
Instituto e Academia dão à lume publicações, as revistas, nas quais são coligidos trabalhos literários e históricos, conforme o desiderato de cada agremiação. São publicações resistentes às intempéries econômicas e à indiferença de uma maioria que prefere o lazer e o entretenimento ao estudo e à leitura de textos qualificados. Essa maioria, e não causa espécie, quando muito se delicia com “best sellers” editados em série, a exposar temas que se assemelham à música de uma só nota.
Tenho em mãos a Revista do Instituto do Ceará (Tomo CXXXVII, Ano CXXXVII, Volume 137); e a Revista da Academia Cearense de Letras (Ano CXXVII, Volume 84), ambas correspondentes ao ano de 2023. Enfeixando trabalhos da melhor qualidade, escritos por sócios da Casa do Barão de Studart, como é chamado o Instituto; bem como da lavra de historiadores convidados, a Revista do Instituto do Ceará, se credencia a cada ano como uma publicação de imprescindível leitura para quantos desejam aprofundar conhecimentos na seara dos estudos históricos desta Terra de Iracema.
Por seu lado, os trabalhos publicados na Revista da Academia Cearense de Letras por si dizem da qualificação literária dos autores. A crítica, a crônica, o conto, o poema estão presentes em grande estilo pelas mãos de mestres da prosa e do verso. Destarte, afirme-se sem medo de cometer erro, que no Instituto do Ceará tanto quanto na Academia Cearense de Letras, nesses dois templos da cultura cearense, cultua-se as coisas do espírito por intermédio da liturgia do pensar que se faz Historia e Arte Literária.
Barros Alves é jornalista e poeta