Historiador Durval Muniz dará palestra na UFC nesta segunda-feira

Durval Muniz lançará livro novo e ministrará curso. Foto: Divulgação

O Colégio de Estudos Avançados (CEA) da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob comando do ex-secretário de Cultura do Ceará, Paulo Linhares, vai estreia seu calendário com um evento em parceria com o Centro Universitário Farias Brito, que promoverá duas atividades dentro da programação do seminário A Invenção do Nordeste: Relações de Saber e Poder. No evento, o historiador e professor Durval Muniz, autor do clássico “A invenção do Nordeste e outras artes (1999)”.

A participação de Muniz ocorrerá nesta segunda-feira (7), no auditório da Reitoria, a partir das 18h30, quando ele vai ministrar a palestra A invenção do Nordeste e os seus lugares de saber. Na sequência, às 20 horas, ele faz o primeiro lançamento do seu novo livro, “A pele da história: corpo, tempo e escrita historiográfica (2025)”. As duas atividades ocorrem dentro das celebrações dos 70 anos da UFC. O acesso é gratuito e aberto ao público geral.

Ao longo da semana, o seminário continuará no Teatro Nadir Saboya, do Centro Universitário Farias Brito, onde, de terça-feira a quinta-feira, Muniz ministrará o curso “Relações de saber e poder: o caso Nordeste”. Será a primeira vez que o autor trará a atividade para Fortaleza, após passar com ela por diferentes cidades do Brasil e até por outros países. A participação é gratuita, basta se inscrever pelo formulário on-line.

Invenção do Nordeste

Obra de referência no estudo da constituição histórica, discursiva e imaginária do Nordeste brasileiro, “A invenção do Nordeste e outras artes” foi originalmente apresentado como tese de doutorado de Muniz em História, na Universidade Estadual de Campinas, em 1994. Publicado em 1999, de lá para cá já ganhou cinco edições, sendo considerado um clássico da área.

Na obra, o autor discorre sobre a criação e consolidação da ideia de região Nordeste no imaginário brasileiro, enquanto criação sociopolítica e cultural. O processo passa pela elaboração de discursos sociopolíticos e artísticos, sobretudo na literatura. Em sua abordagem, Muniz propõe fortemente a desconstrução de estereótipos sobre a região.

“Na palestra, vou abordar como determinadas instituições – a exemplo da mídia, das artes, da literatura e da própria universidade – continuaram, ao longo do século XX, século XXI, reproduzindo o imaginário em torno Nordeste, o discurso regionalista. O objetivo é pensar como a ideia de nordestinidade, da identidade nordestina, o imaginário em torno da região são sistematicamente repostos, recirculados, reinvestidos”, detalha Muniz.

O Curso

Já no curso a ideia é realmente trabalhar o conteúdo de “A invenção do Nordeste”, resgatando seus principais conceitos e reflexões e, ao mesmo tempo, trazendo elementos investigados em pesquisas posteriores do autor – como o surgimento da figura do cabra macho, a questão da masculinidade no Nordeste e a emergência da ideia de cultura popular nordestina.

Novo Livro

Lançado em fevereiro de 2025 pela Editora Vozes, “A pele da história” é o décimo livro de Durval Muniz e aborda a relação entre a escrita da história e as dimensões carnais e corporais da existência de historiadores e historiadoras. Para Muniz, se a vida social passa pelas vidas individuais, pela trajetória e as experiências de cada pessoa, e sendo o corpo um mediador de nossa presença no mundo, ele ocupa papel central na construção histórica.

“Essa é uma temática pioneira no campo da teoria da história, porque ela trata da relação entre carne, corpo, tempo e escrita da história. Eu abordo a centralidade do corpo e das questões ligadas a ele, como desejo, libido, afetos, emoções, dores e sofrimentos – tanto na pesquisa quanto na escrita e no ensino de história”, esclarece Muniz.

“Racialidade, sexualidade e questões de gênero, por exemplo, são marcadores sociais que interferem na pesquisa e também marcam os historiadores, que escrevem a partir de um lugar de classe, de gênero, de raça, etário”, completa.

Muniz cita, por exemplo, os corpos marcados por tortura, afetados por explorações do trabalho ou relações sociais, corpos moldados culturalmente, a partir de códigos, papéis e expectativas, entre outras situações. E explicou que a ideia para o livro surgiu a partir de sua própria experiência, enquanto pessoa com deficiência (ele perdeu a mão em um acidente) e homossexual e atravessado pela maneira como esses atributos se concretizam no mundo.

Perfil do do autor

Durval Muniz é historiador com mestrado e doutorado em História pela UNICAMP. Tem pós-doutorado em Educação pela Universidade de Barcelona e em Teoria e Filosofia da História pela Universidade de Coimbra. É referência em seu campo por suas contribuições no estudo da constituição histórica, discursiva e imaginária do Nordeste brasileiro. Seu livro “A invenção do Nordeste e outras artes” tornou-se um marco importante na historiografia contemporânea.

SERVIÇO

*Dia 7/4, na Reitoria da UFC (av. da Universidade, 2853, Benfica)
18h30 – Palestra “A invenção do Nordeste e os seus lugares de saber”
20h – Lançamento do livro A pele da história: corpo, tempo e escrita historiográfica
Acesso livre; aberto ao público.

*Dias 8, 9 e 10/4, das 19h às 21h, no Teatro Nadir Saboya – Rua 8 de Setembro, 1331, Varjota). Inscrições pelo formulário on-line.

*Colégio de Estudos Avançados (CEA) da UFC – fone: (85) 3366.901.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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