Categorias: Artigo

“HIV/Aids e o fim de mais de 40 anos de dor” – Por Sara York

Sara York é jornalista e professora

“Entre o colapso emocional de uma geração, novas tecnologias, ativismos e vozes trans reacendem o desejo por futuro. A cura do HIV pode estar mais perto”, aponta a jornalista e professora Sara York

Confira:

Segundo o relatório State of the Global Workplace 2024, da Gallup, 41% da população mundial vive sob altos níveis de estresse, com os jovens liderando os índices de ansiedade e esgotamento emocional. O cenário é preocupante: crises econômicas sucessivas, colapso climático e uma sensação crescente de impotência sequestram não apenas a saúde mental, mas também o direito à esperança.

E o que acontece quando uma geração inteira perde a capacidade de imaginar o amanhã?

É nesse clima de ansiedade crônica que emergem — como lampejos de resistência — novas iniciativas e tecnologias que reacendem o desejo por futuro. No campo da saúde, a ciência internacional oferece um respiro: pesquisadores australianos anunciaram avanços promissores na possível cura do HIV, utilizando uma versão inovadora da tecnologia de mRNA — a mesma empregada nas vacinas contra a Covid-19. Com nanopartículas LNP X, os cientistas conseguiram “acordar” células do sistema imunológico e revelar o vírus escondido, num processo que os próprios pesquisadores comparam a ligar um interruptor.

“Nunca vimos algo tão eficiente em expor o HIV latente”, declarou a doutora Paula Cevaal, do instituto responsável. Os testes em laboratório com células de pacientes mostraram resultados claros e empolgantes. A próxima fase envolve testes em animais e, futuramente, em humanos. Ainda não é cura — mas é, sem dúvida, um caminho promissor.

No Brasil, enquanto a juventude ainda enfrenta o fantasma da desesperança, outra frente de resistência se levanta: o ativismo. A ONG Impulse Rio — braço local da rede internacional Impulse Group, em parceria com a AIDS Healthcare Foundation — retorna como trincheira comunitária contra o estigma, o racismo, a LGBTI+fobia e a negligência institucional. Estando presente em mais de 20 cidades no mundo, o grupo liderado por Filipe Stevan promove passos iniciados pelos Grupos Pela Vidda por todo Brasil e também espera por boas notícias.

Porque falar de HIV em 2025 é muito mais do que falar de saúde — é falar de pertencimento, de cuidado e de projeto coletivo de vida. Quem quer falar sobre o tema ainda hoje? Benny Briolly e Neon Cunha fazem frente às muitas vidas perdidas e seguem ecoando a urgência do Estado diante das vidas LGB-trans!

Neon Cunha abençoou o Rio de Janeiro no Festival LED 2025 ao lado de Conceição Evaristo, MC Soffia e Ana Paula Xongani, segue enfática lembrando de sua ação internacional por vidas trans com dignidade mais de dez anos depois,quando pediu morte assistida por não ser vida possível no Brasil cis-hétero dos anos 2000!

A parlamentar Duda Salabert, mulher trans e professora, também tem sido voz firme em Brasília nesta travessia. Recentemente, ela denunciou a exclusão do Brasil da distribuição do Lenacapavir, uma injeção semestral revolucionária na prevenção do HIV. Mesmo tendo participado de estudos clínicos, o país ficou de fora da distribuição inicial.

Duda foi enfática:

“A saúde pública tem que estar acima dos lucros privados. O governo brasileiro precisa entrar de forma firme nas negociações por preços justos. Essa tecnologia pode salvar vidas”.

O nome disso é soberania. É política pública com afeto. É compromisso com quem sempre ficou à margem.

Enquanto o presente arde, há quem ainda plante futuro. Mesmo em meio à fadiga existencial que assola a juventude, há vida brotando nos interstícios: em laboratórios que ousam sonhar, em ONGs que se reinventam no subúrbio carioca, em vozes trans que se erguem no Congresso com coragem e lucidez. Há quem continue gritando que existir é resistir — e que resistir também é reinventar a esperança.

Que o amanhã nos encontre mais lúcidos, mais vivos e menos sós.

*Sara Wagner York ou Sara Wagner Pimenta Gonçalves Júnior

Bacharel em Jornalismo, licenciada em Letras Inglês, Pedagogia e Letras vernáculas. Especialista em educação, gênero e sexualidade, primeiro trabalho acadêmico sobre as cotas trans realizado no mestrado e doutoranda em Educação (UERJ) com bolsa CAPES, além de pai, avó. Reconhecida como a primeira trans a ancorar no jornalismo brasileiro pela TVBrasil247

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais