“Joaquim de Figueiredo Correia já era nome respeitável no cenário político cearense, razão pela no pleito de 1962 qual teve seu nome escolhido para compor na condição de vice, a chapa encabeçada por Virgílio Távora”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves.
Confira:
A Assembleia Legislativa do Ceará realizará na próxima segunda-feira, 26/08, às 14 horas, sessão solene em homenagem a um dos mais ilustres cearenses, Joaquim de Figueiredo Correia, natural de Várzea Alegre, município pertencente à fértil Região do Cariri, mas que ainda carrega a adustez dos sertões e um sentido de sertanidade que certamente, mercê de suas peculiaridades geo-climáticas, teve influência sobremaneira na formação sócio-cultural daquele menino que cedo demonstrou vocação para a atividade política, de par com o talento que faziam-no sobressair-se como líder no movimento estudantil e, posteriormente, nas batalhas profissionais e partidárias. Nascera em 4 de novembro de 1920. Caráter forjado na bigorna do estudo e do trabalho, concluído o curso de Direito na Salamanca da Universidade Federal do Ceará, foi à luta no campo forense e nas lides partidárias, logrando êxito já na primeira disputa quando foi eleito deputado estadual constituinte em 1947, depois da ditadura estadonovista e retomada da democracia. Em razão de seu denodado trabalho em favor das comunidades que representava no Parlamento e do exercício pleno da deputança, distinguindo-se como orador de grandes recursos retóricos e legislador das boas causas do povo cearense, logrou êxito em pleitos seguidos, reelegendo-se para a Assembleia Legislativa em 1950, 1954 e 1958, sempre pela legenda do Partido Social Democrático-PSD. Exerceu por breve tempo a titularidade da então Secretaria de Educação e Saúde, no governo de Parsifal Barroso.
A esta altura da vida, Joaquim de Figueiredo Correia já era nome respeitável no cenário político cearense, razão pela no pleito de 1962 qual teve seu nome escolhido para compor na condição de vice, a chapa encabeçada por Virgílio Távora, na disputa pelo governo do Estado, resultante de uma ampla coligação de contrários que passou à história como o nome de “União pelo Ceará” e que se sagrou vitoriosa. Encerrado o período da vice-governança, já sob o regime bipartidário instituído pelo Governo Militar, Figueiredo Correia optou por fazer oposição, filiando-se ao Movimento Democrático Brasileiro-MDB. Foi novamente às urnas pleiteando, desta feita, mandato de deputado federal. Em novembro de 1966 foi eleito para a Câmara Baixa do País. Em 1970, candidato ao Senado, enfrentou nas urnas seu antigo aliado Virgílio Távora, não logrando êxito. Em 1974 retornou à Câmara dos Deputados, conseguindo reeleição em 1978. Não concluiu o mandato em face de mal que o acometeu levando-o à morte, em 1981.
Personalidades da política e da área cultural, entre os quais assomam Mauro Benevides, Aroldo Mota, Lúcio Alcântara, Blanchard Girão e vários outros, que conheceram e/ou privaram da amizade de Figueiredo Correia, são unânimes em conceituá-lo como um homem digno de todos os encômios e que para além dos seus humaníssimos defeitos era dotado de virtudes invejáveis como a lealdade, coragem pessoal e cívica, o sentido pleno da honra que imprime dignidade à biografia do ser humano. A sessão da Assembleia Legislativa constitui um resgate memorial que deveria ter ocorrido em 2020, ano do centenário de nascimento do inesquecível líder. A pandemia não permitiu a realização do evento, que agora ocorre abrilhantado com o lançamento de um livro biográfico escrito pelo filho do homenageado, Francisco José de Figueiredo Correia, também ele ex-deputado estadual, que exerceu com proficiência e dignidade o mandato que lhe conferiu o povo cearense a seu tempo. Todos os cearenses estão convidados para a auspiciosa solenidade.
Barros Alves é jornalista e poeta