“Hora da mudança”

Com o título “Hora da mudança”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Sociologia. “O poder da mudança está com cada eleitor, que acompanha e fiscaliza os mandatos, consciente do seu papel transformador”, expõe a articulista.

Confira:

Você está indignado com os políticos tradicionais, aqueles só o procuram em época de eleição, para pedir voto e não para prestar contas dos compromissos assumidos na eleição passada? Você está cansado de ver políticos se eleger comprando votos, loteando a máquina pública, desviando recursos em licitações para abastecer caixa dois de campanha e enriquecer à custa dos contribuintes? E que legislam para dificultar o alcance deles pela Justiça? Você não entende a desfaçatez dos fundos milionários eleitorais, partidários, as verbas elevadas para o exercício de mandatos, emendas parlamentares, loteamento de cargos em máquinas públicas inchadas, que tanto oneram o País, à população? Para os políticos, sempre
há dinheiro. Para a população, nada, resta a ela pagar impostos e taxas, e juros cada dia mais escorchantes.

Você está revoltado com dirigentes de partidos políticos, geralmente detentores de mandatos, que cometem desmandos e fecham os olhos aos dos demais filiados eleitos, num silêncio conivente e criminoso? Você assiste indiferente a esta eleição por ver que nada melhora no seu município, na educação, saúde, segurança, emprego, moradia, saneamento básico? Infelizmente, revolta, indignação, apatia não mudarão a situação de abandono do município. Só o seu voto pode mudar tudo para melhor.

Você perguntará: como posso mudar tudo se só tenho o meu voto? Acredite: você tem muito, o seu voto, e ele é livre e secreto. Não vote nos mesmos candidatos de sempre, em parentes, amigos, em amigos dos amigos, ou naquele indicado pelo político. Se candidatos vierem com proposta de troca de votos por dinheiro, aceite, e não vote neles, denuncie os compradores de votos. O pagamento foi feito com o meu, com o seu dinheiro, pois ele não pertence aos políticos, mas à sociedade; você, apenas, está recebendo o seu de volta. Estes políticos são o câncer da política, que tornam a democracia capenga, pela falta de legitimidade dos mandatos.

Chega. Mude tudo, vote em caras novas, de idéias novas, com passado digno, limpo, ou em candidatos não contaminados pelos vícios da política tradicional. E se não houver nada de novo entre os candidatos que se apresentam, vote no menos pior. Nada pode ser mais danoso do que a perpetuação no poder. Chega de mais do mesmo. Faça esta limpeza geral a cada dois anos, e tudo poderá melhorar no município, no Estado e no Brasil. Mágica não existe. O poder da mudança está com cada eleitor, que acompanha e fiscaliza os mandatos, consciente do seu papel transformador.

Esqueça as pesquisas eleitorais, não deixe que elas direcionem, decidam o seu voto. Nós não estamos numa aposta de corrida de cavalos, nem num cassino, é a vida dos munícipes que está em jogo. As eleições municipais, de prefeito e vereador, são as mais importantes do País, pois é no município que o cidadão vive, trabalha, produz, e a política só faz sentido para fazer a vida de todos melhorar. O município, no entanto, só será melhor, quando cada eleitor fizer a faxina necessária na representação política de todos os 5.569 municípios brasileiros.

Podemos chamar esta forma rebelde de votar de revolução silenciosa, pacífica, ordeira, cidadã, democrática. O resultado da rebeldia será, a longo prazo, a renovação não só do município, mas a inauguração de uma nova correlação de forças, para banir os políticos tradicionais do exercício do poder político. E nada será como antes, nos governos estaduais, assembleias legislativas, Congresso Nacional e presidência da República.

*Fátima Vilanova

Doutora em Sociologia.