Uma técnica inovadora à base de gesso está sendo aplicada pelo Hospital Infantil Albert Sabin em pacientes de até 7 ou 8 anos para enfrentar deformidades da coluna, como a escoliose.
Quanto mais cedo aplicada, maior é a tendência de progressão da curvatura, garante os especialistas.
O gesso é aplicado em centro cirúrgico, sob anestesia geral, e deve ser trocado a cada três a quatro meses.
Segundo o ortopedista do Hias, José Alberto Alves, o objetivo é retardar ou impedir a progressão da curvatura. “É uma técnica já consolidada em outros países e que agora passa a integrar o cuidado oferecido pelo nosso serviço”, afirma.
Caso de sucesso
Entre os pacientes atendidos está Maria Emily, de 5 anos. A mãe, Amanda Feitosa, agricultora de Canindé, percebeu os primeiros sinais quando a filha tinha apenas um ano. “Quando ela sentava, notei que a coluna parecia um ‘S’. Foi um choque, porque eu não sabia como agir naquele momento”, relembra.
Encaminhada pela Policlínica do município, Maria Emily iniciou o tratamento no Hias e, há três meses, já apresenta sinais de melhora. “O atendimento da equipe é excelente e tem ajudado muito no tratamento dela. No início, tivemos dificuldades para nos adaptar ao gesso, principalmente com higiene e banho, o que gerou alguns custos extras. Mas, com o tempo, conseguimos nos organizar. O mais importante é ver minha filha se desenvolvendo bem”, diz Amanda.
Capacitação da equipe
A adoção da técnica no Hias ocorreu após o Curso Teórico-Prático de Escoliose de Início Precoce, realizado em junho de 2025. O treinamento foi conduzido pelos médicos João Elias, da Universidade Federal do Paraná, e Rodrigo Grandini, do Hospital Infantil Joana de Gusmão (SC). Cinco pacientes foram beneficiados durante a formação.
Segundo João Elias, o Hias é o único centro do Norte e Nordeste a oferecer o procedimento atualmente. “O Hias se tornou pioneiro no Nordeste no tratamento da escoliose precoce, oferecendo cuidado especializado e capacitando sua equipe para ampliar o acesso a uma técnica eficiente e pouco invasiva”, destaca João Elias.
Tratamento seguro e eficaz
Ainda segundo o ortopedista pediátrico do Paraná, a técnica pode curar crianças pequenas, entre 2 e 3 anos, quando a escoliose é idiopática (de causa desconhecida), e postergar a necessidade de cirurgia em crianças mais velhas, permitindo que o tórax e os pulmões cresçam de forma funcional.
“O gesso de Mehta surge como uma alternativa barata, segura e eficaz. Além disso, trata-se de um procedimento confiável, reversível e com resultados positivos. Ao contrário das cirurgias existentes, que são agressivas, caras e apresentam risco elevado de complicações, o gesso não traz riscos graves e ainda permite ajustes conforme a evolução da criança”, conclui o especialista. (Com site da SESA).