Com o título “IA na Nova Guerra Fria China x EUA”, eis artigo de Mauro Oliveira, professor do IFCE e PhD em Informática por Sorbonne University.
Confira:
(Dedicado aos jovens do RAPADURA Valley (Daniel BOJOGÁ, Tiago BUGABOO, Flavio RAPADURATECH etc.) … que vão nos proteger do colonialismo digital)
Geoffrey Hinton, “padrinho” da inteligência artificial (IA), ao abandonar a Google, em 2023, lascou uma profecia do apocalipse cibernetico. Seu alerta ao New York Times sobre os perigos dos chatbots de IA: “Agora, eles não são mais inteligentes do que nós… Mas acho que em breve eles podem ser.”
Prêmio Nobel de Fisica 2024 e do Turing Prize (2018), Hinton engrossa o coro de outros preocupados ilustres como o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, a ex-vice-presidente dos EUA, Kamala Harris. Todos compartilhando o mesmo receio: a IA pode não só nos roubar empregos, mas afetar a sobrevivência da humanidade – o que, convenhamos, seria um probleminha levemente mais grave… EITA.
Curiosamente, até o presidente chinês, Xi Jinping deu uma “palhinha” sobre o assunto, digamos sem muito entusiasmo pois é sabido que a China tá colocando todo o “carvão na caldeira da IA”. O zênite chinês é claro: ser pole-position mundial de AI, antes de 2030. O mais recente balacobaco de U$1 trilhão do DeepSeek na Wall Street não deixa dúvidas de que a China tá mais determinada que folião em sábado de pré-carnaval.
Segundo a Folha, a produção científica chinesa ultrapassou, em 2024, os Estados Unidos, pela primeira vez – um feito inédito, mas que provavelmente não surpreende ninguém em Washington (só incomoda bastante). Já a Exame afirma que a China agora se destaca como o maior produtor mundial de talentos em IA. Afinal, há décadas os chineses vem treinando a próxima geração de mestres dos algoritmos, de Itapipoca à Havard que está em moda agora no Ceará (“professores do ITA Fortaleza serão treinados nos EUA” … eita do provicianismo).
Para adicionar mais “dendê no chá das 5” profético do britânico Geoffrey Hinton, a Google resolveu soltar mais um daqueles anúncios que fazem qualquer ficção científica parecer coisa ultrapassada. Anunciou o Willow, um protótipo de um chip quântico que a turma exagerada da Google (ou será “de Vera?”) garante que é capaz de processar em 5 min o que o se levaria hoje septilhões de anos (algo em torno de 10 elevado a 24).
Eu até ia checar essa história direito, mas fiquei sabendo da novidade no Cantinho do Frango (CF), onde, toda 1ª quinta-feira do mês, o venerável Flavio Torres celebra a vida com o icônico “Clube das Gatas”. E, convenhamos, a verdadeira revolução ali é o nosso Ricardísio (Ricardo Guilherme, descendente legítimo de Dionísio), que sempre canta… e encanta. Porque, no fim das contas, nada supera um bom samba regado a cerveja gelada – nem mesmo um chip quântico… rsrs.
Para não dizer que o Xi Jiping e a Kamala Harris entraram nessa conversa pelas beiradas, feito Pilatos e Madalena citados no “Torá Cristão”, tá na hora de ver o que a premonição de Sir Geoffrey Hinton tem a ver com essa arenga fria entre China e EUA: estaríamos diante de um novo capítulo da história, onde a IA se tornará no século XXI o que a energia nuclear foi no passado, um jogo de poder global que pode tanto iluminar o mundo quanto explodi-lo?
Na verdade, a censura chinesa socialista e a “precarização” americana capitalista escondem o que é conveniente nessa caótica corrida desvairada da IA. Os Dick Vigaristas e Mutleys rabugentos de plantão, seja do lado comunista ou do livre mercado, ora conspiram entre si, ora fingem que estão brigando – tudo para arrebanhar mais colonizados nessa investida high-tech capitaneada pela IA. No fim das contas, colonizador é sempre colonizador, e a história já ensinou que o jogo nunca muda – só os algoritmos (eu pago mais de R$200,00/mes pra “eles”, e você?.
E o Brasil, onde entra nessa? Bom, se essa corrida da IA fosse um Grande Prêmio, estaríamos ali na arquibancada, torcendo, cada um com seu viés ideológico. Enquanto China e EUA disputam quem constrói o futuro da IA, a gente segue naquela vibe de sempre: grandes talentos, pouca estrutura e pouco orçamento na CT&I.
Num contexto mundial, resta saber se as IAs serão, no futuro (próximo, diz Hinton), os “misseis de Cuba” numa versão moderna da Crise de Outubro (1962), protagonizada pelos “donos” da famigerada maleta 007 (copyright James) com os códigos que dariam a bomba rasga-lata da 3ª guerra. Bom, se for esse o caso, podemos ficar tranquilos: o nosso lendário hacker cearense Uira Porã já deu um jeito nisso. Com seu infalível TK-83 quântico, que ele carrega casualmente na mochila artesanal do Expedito Celeiro, já descriptografou tudo antes mesmo da primeira linha de código ser compilada. Fim de jogo para os vilões. Pode servir a cerveja, Sá Filho do Cantinho do Frango! Rsrsr.
O impacto dessa competição, claro, não vai ficar restrito aos gigantes. A influência econômica e tecnológica de EUA e China inevitavelmente vai respingar no resto do mundo, incluindo aqui no Brasil, onde a gente já está acostumado a levar pancada sem nem entrar no ringue. Como bem diz meu amigo Célio Fernando, economista de impacto nacional, “quando Wall Street espirra, a Bovespa gripa” – e dependendo do surto, a gente já entra logo de UTI. Porque, sejamos francos, nessa corrida maluca da IA, estamos mais pra passageiros do que pra motoristas.
Voltando aqui para o país com pouco investimento em CT&I, onde o foguete não da ré (e tem subido?), a pergunta que não quer calar: até quando o Brasil vai permanecer à margem dessa revolução da IA? Será que existe um caminho brasileiro para desenvolver competências em IA e entrar de verdade nesse jogo global? Ou vamos seguir firmes e fortes no papel de consumidores dependentes, sempre esperando a próxima inovação chegar importada e dolarizada (OPA, tá vindo aí a moeda dos BRICS … rsrs)?
O Brasil não pode continuar na arquibancada, assistindo essa disputa global pelo futuro da humanidade com um pastel de vento e um guaraná Wilson (lembram? rsrsr), enquanto outros jogadores definem as regras do jogo.
Se não quisermos ser apenas um mercado consumidor de algoritmos estrangeiros, tá na hora de parar de esperar milagre e entrar de sola nesse campo, antes que a única coisa que sobre para a gente seja o direito de clicar em “Aceito os termos e condições” sem nem ler.
Governantes, políticos, líderes empresariais e acadêmicos precisam parar de marcar reunião para discutir a próxima reunião e, com vontade de verdade, colocar o Brasil na mesa das discussões globais sobre IA.
O tempo não só está curto – já está batendo o ponto e saindo pela porta. A janela de oportunidade está se fechando, e se continuarmos na inércia, seremos navegadores à deriva em uma nova colonização, não pelos canhões e caravelas, mas pela supremacia tecnológica da IA.
BORA! O momento é de coragem e determinação … antes que o futuro nos escape definitivamente!
*Mauro Oliveira,
Professor do IFCE e PhD em Informática por Sorbonne University.