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Inflação Percebida x Inflação indicada – Por Fabiano Mapurunga

Inflação
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Nesta última semana, tivemos a informação dada pelo IBGE que, o IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) um dos índices que medem a inflação em nosso país, em sua leitura acumulada nos últimos 12 meses até outubro de 2024, fechou em 4,6% a.a.. Bem, temos então um informação que já preocupa, do ponto de vista de análises econômicas e financeiras, mas a sensação real no bolso do brasileiro ainda é pior. 

Fui questionado por muito conhecidos, como podemos estar com uma inflação de 4,6% se temos preços de produtos que subiram muito mais do que isso. Tivemos verdadeiros “tiros de canhão” no preço dos alimentos, na gasolina, na energia elétrica. Houve uma considerável perda da capacidade de compra da nossa moeda. As famílias cada vez mais percebem seus salários, perdendo seu poder de compra mês após mês.

Não parece ser bom de ouvir, mas o que tenho a dizer sobre isso é que, “é normal”. A inflação indicada, dificilmente será igual a percebida pelas famílias. Quero aqui demonstrar que, isso não aponta nenhum erro metodológico no cálculo inflacionário, nem tão pouco, nenhuma conduta indevida dos órgãos que auditam e expõem os números.

Vamos para o entendimento do cálculo feito pelo IBGE sobre o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice que demonstra a inflação em nosso país:

A conta não se baseia em uma média aritmética simples, feita pela soma dos valores de todos os itens sendo esta, dividida pela quantidade destes mesmos itens. Na verdade se trata de uma média ponderada, a qual leva em conta não só as variações dos preços dos produtos, mas também a sua margem e contribuição no orçamento geral das famílias brasileiras. Ou seja, a cada item é atribuído um peso diferente, logo os comportamentos de suas variações de preços terão impactos diferentes sobre o índice de inflação.

Vamos exemplificar agora:

Tomando como base as variações de preços do arroz no Ceará e dos planos de saúde, conseguimos perceber que o arroz apresentou uma alta de 16,5% no atacado, porém tal produto tem um peso reduzido para a visão das famílias pois, em média, estas utilizam 0,18% de seu orçamento para consumir o mesmo.

Contudo, os planos de saúde apontam uma elevação de 6,91%. Por tanto, em termos relativos, bem menor do que a do arroz, porém os planos possuem um peso bem maior no índice inflacionário, pois tomam 3,9% do orçamento médio das famílias.

Agora vamos montar a ponderação para concluirmos nossa ilustração: 

– O impacto da variação dos preços do arroz no IPCA foi de 0,03 ponto percentual em 2024. (16,5 x 0,18 = 0,03).

– O impacto da variação de preços dos planos de saúde foi de 0,27 ponto percentual.

(6,91 x 3,9 = 0,27).

Podemos notar que durante o transcurso do ano de 2024 muitos produtos apontaram altas de preços, mas também alguns outros, reduções. A exemplo dos cálculos que fizemos acima, o IBGE usa todas essas variações de preços dos produtos, com seus respectivos pesos e daí ele chegou ao valor de 4,6% anunciado como acumulado até outubro de 2024.

Importante verificar que grupos de produtos, podem ter suas inflações diferenciadas e assim percebidas de forma desigual com o todo.

Alguns outros índices, além do IPCA (Índice padrão para determinar nossa inflação), são utilizados, como o INPC e o IGP-M. Para o cálculo do IPCA são utilizados mais de 400 itens.

Interessante observar que os produtos e seus pesos também sofrem alterações conforme a faixa de renda da população. Isso explica a existência de diferentes índices de inflação. Cada item possui uma metodologia específica e são calculados por diferentes órgão especializados como: 

– IPCA – Índice de Preços ao Consumidos Amplo – calculado e divulgado pelo IBGE;

– IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado – calculado e divulgado pela FGV.

 

OBSERVAÇÃO: As diferenças básicas entre estes índices, se concentram nos dias em que são apurados, nos produtos que os compõem, bem como o peso deles na ponderação geral, assim como a faixa da população estudada.     

Espero que estas explicações tenham lhes permitido compreender mais a disparidade existente entre o valor percebido (real) da inflação, e o valor calculado.

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Respostas de 5

  1. Muito importante, bem explicativa essa sua matéria fabiano Mapurunga .
    Obrigada pelo detalhamento 🤝

  2. Orientações interessantes e bem importantes para conhecimento e entendimento de pessoas leigas em economia, mas, que sentem os efeitos no cotidiano.

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