“Uma das ameaças mais graves é a produção de vídeos falsos, conhecidos como deepfakes, que podem ser utilizados como armas secretas nas etapas finais do pleito”, aponta o jornalista Jefferson Abreu. Confira:
As inúmeras possibilidades tecnológicas oferecidas pela inteligência artificial (IA) no processo eleitoral são evidentes e proporcionam uma série de benefícios que podem transformar a campanha eleitoral. Entre as vantagens, destaca-se a capacidade de restaurar fotos antigas, oferecendo um aspecto mais moderno e profissional às imagens que serão utilizadas na campanha. Além disso, a IA pode ser uma aliada na criação de ideias assertivas que buscam engajar públicos específicos, permitindo a particularização de conteúdos e aprimorando a comunicação de propostas e mensagens eleitorais.
No entanto, ao lado dessas facilidades, surgem também preocupações consideráveis quanto ao uso mal-intencionado da inteligência artificial por criminosos digitais. Uma das ameaças mais graves é a produção de vídeos falsos, conhecidos como deepfakes, que podem ser utilizados como armas secretas nas etapas finais do pleito. Com a captura de imagens de um candidato e a utilização de uma fala simples, é possível criar vídeos extremamente realistas em que o candidato aparece expressando informações falsas. Essa prática não só engana os eleitores, mas também pode prejudicar a integridade do processo eleitoral, minando a confiança no sistema democrático.
A reprodução de audiovisuais falsos levanta questões importantes sobre o que pode ser feito pela legislação eleitoral e pelas autoridades competentes para conter esses riscos. É contundente que o marco legal seja atualizado para acompanhar os avanços tecnológicos, estabelecendo sanções claras e rigorosas para aqueles que criam e espalham peças midiáticas enganosas. As autoridades eleitorais devem investir em recursos de detecção de deepfakes e em parcerias com especialistas em cibersegurança para identificar e remover rapidamente esse tipo de material.
Além das medidas repressivas, é essencial estimular a educação digital entre os eleitores, capacitando-os a reconhecer sinais de manipulação em vídeos e outras formas de conteúdo digital. Uma pesquisa rápida sobre a vida do candidato poderá ajudar em determinadas situações. Por conseguinte, campanhas de conscientização podem desempenhar um papel importante na redução do impacto dessas ações, alertando o público sobre a existência dessas ferramentas digitais e incentivando uma verificação mais rigorosa antes de compartilhá-las.
As empresas contratadas para fazer o marketing e a comunicação dos candidatos, no entanto, têm uma responsabilidade considerável nesse processo. Elas devem adotar práticas de supervisão permanente junto às mídias dos adversários políticos, grupos de WhatsApp, dentre outros canais, com intuito de identificar e denunciar qualquer crime em ambiente computacional. Além disso, deve haver investimento em segurança digital com o objetivo claro de responder a ataques cibernéticos e proteger a integridade das campanhas.
Em síntese, os benefícios tecnológicos oferecidos pela IA são muitos, mas é necessário um esforço conjunto de legisladores, autoridades policiais, empresas de comunicação, marketing e eleitores para enfrentar os riscos iminentes. Somente com essa abordagem integrada será possível assegurar que a inteligência artificial contribua de forma satisfatória para o processo eleitoral, fortalecendo a democracia e garantindo que a vontade do eleitor seja respeitada. Sem dúvida, vale a pena pesquisar antes de compartilhar qualquer notícia impactante.
Jefferson Abreu é jornalista, especialista em assessoria de comunicação, mestrando em direção estratégica de marketing e assessor parlamentar