Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

“Inteligência Artificial: O Atraso Nosso de Cada Dia”

Mauro Oliveira é PhD em Informática por Sorbonne. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Inteligência Artificial: O Atraso Nosso de Cada Dia”, eis artigo deMauro Oliveira, professor do IFCE e PhD em Informática (Sorbonne University). “Enquanto o chamado “mundo desenvolvido” fervilha em debates sobre as ameaças e oportunidades da IA, mobilizando investimentos massivos e articulando políticas públicas, nós permanecemos “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a IA chegar”, expõe o articulista.

Confira:

A expressão “dar milho aos pombos”, popularizada por Nelson Rodrigues – um dos maiores dramaturgos brasileiros, conhecido por frases marcantes como “os idiotas vão tomar conta do mundo” –, simboliza nossa recorrente letargia diante da fascinante, porém inquietante, revolução trazida pela Inteligência Artificial (IA).

Enquanto o chamado “mundo desenvolvido” fervilha em debates sobre as ameaças e oportunidades da IA, mobilizando investimentos massivos e articulando políticas públicas, nós permanecemos “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a IA chegar”, como se nossos descendentes não fossem nos cobrar, _allegro ma troppo_ , pelas consequências consequências do nosso atraso de cada dia.

Nossas universidades públicas precisam ser o farol dessa revolução. Elas não foram criadas para refletir a sociedade, mas para guiá-la. Como espaços de inovação e reflexão, sustentados pelo “nosso suor de cada dia”, sua missão é antecipar desafios e preparar soluções. O mesmo vale para nossos governos, que, conforme o Contrato Social de Rousseau, têm o dever de zelar pelo bem-estar coletivo e agir em nome do bem comum. Contudo, tanto universidades quanto governos parecem aprisionados na Caverna de Platão, incapazes de romper as correntes e explorar o desconhecido. Lá fora, a realidade da IA já não projeta sombras.

A IA já está moldando o mundo e continuará a fazê-lo, com ou sem a nossa autorização tupiniquim. Enquanto isso, nossos vizinhos — regionais e internacionais — se movimentam. Países com economias baseadas na inovação estão debatendo as ameaças e oportunidades da IA, … ao invés de simplesmente “dar milho aos pombos”.

Seguimos tateando ao acaso, prejudicados pela falta de cultura política, visão estratégica e sensibilidade para reconhecer o que se desenha no horizonte. Essa cegueira cultural e institucional pode nos custar caro: sermos meros consumidores das tecnologias criadas por outros, em vez de protagonistas.

A negligência em relação à IA não apenas perpetua nossa dependência tecnológica, mas também aprofunda as desigualdades sociais. Perder o bonde dessa revolução significa:

1.*Competitividade do país*: Reduzir a competitividade do país: Ficaremos restritos a importar soluções caras e frequentemente inadequadas às nossas demandas específicas.
2. *Inclusão social*: A IA possui o potencial de transformar áreas críticas, como saúde, educação e justiça, oferecendo soluções para problemas estruturais.
3. *Desemprego e a precarização*: Sem a preparação adequada, nossa força de trabalho corre o risco de ser substituída, sem a criação de novas oportunidades que acompanhem as transformações tecnológicas.
4. *Colonização digital*: Ao depender exclusivamente de empresas estrangeiras, ficamos vulneráveis a interesses que não refletem necessariamente nossas necessidades como nação.

A Inteligência Artificial que aí está, a IA Generativa, em especial, não é apenas um desafio tecnológico; é uma encruzilhada histórica que nos exige refletir e decidir quem queremos ser como sociedade.

Apesar desse “atraso nosso de cada dia”, não é tarde demais para agir. Nossa maior riqueza está na juventude, que já provou ser criativa, resiliente e plenamente capaz de competir de igual para igual com os melhores do mundo. Trata-se de uma oportunidade única para moldar um futuro mais justo, inclusivo e inovador, assumindo uma identidade própria que nossa capacidade e potencial nos permitem alcançar.

Abandonar o berço esplêndido dos gabinetes da Caverna de Platão e ousar rumo à IA desconhecida exige coragem, visão e ação. O momento de agir é agora.

*BORA todo mundo, juntos, todos nós … “que somos jovens”!*

*Mauro Oliveira

Professor do IFCE e PhD em Informafoica (Sorbonne University)

COMPARTILHE:
Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Notícias