Com o título “Iracema Digital e a COP30: O Ceará na Vanguarda da Inovação e Sustentabilidade”, eis artigo de Mauro Oliveira, professor do IFCE e PhD em Informática por Sorbonne University, e Celio Fernando, ex-presidente do Conselho Regional de Economia, ex-membro do Conselho Federal de Economia, ex-presidente, ex-diretor e conselheiro da APIMEC-Nordeste.. Trata-se, na prática, de uma coletânea de textos que analisam o ecossistema de inovação do Ceará, sempre em diálogo com temas centrais da contemporaneidade: tecnologia, ciência, sustentabilidade, inclusão social e cultura.
Confira:
A importância da inovação, ciência e sustentabilidade talvez nunca tenha sido tão evidente como agora na COP 30, que acontece na Amazônia, um dos nossos tesouros naturais que precisa de todo o nosso cuidado e “muita proteção”.
E o que isso tem a ver com o Ceará? Muito! Dois anos atrás, esses temas já eram o centro de atenção de um livro especial: o “Iracema Digital, Inovação, Tecnologia, Ciência e Sustentabilidade: transformação digital – o Ceará interconectado” que fala da transformação digital no nosso estado e do papel do Ceará no cenário global.
Organizada pelo Economista Celio Fernando, com edição do Sociólogo Marcos Vieira (que dá vida à obra na foto de capa com a Letícia, menina indígena Tremembé), essa obra foi publicada pelo Instituto Iracema Digital como um marco dos seus 5 anos. Trata-se de um trabalho
coletivo com mais de 80 coautores tendo figuras de destaque como Ricardo Liebmann (presidente do Iracema Digital), Nazareno Albuquerque (vice-presidente) em seu Conselho Editorial.
Essa turma toda colocou no papel um olhar estratégico sobre o Ceará, ajudando a mostrar como o estado pode bem aproveitar a inovação na transformação digital ligada à sustentabilidade, pauta central da COP 30.
O livro é, portanto, uma coletânea de textos que analisam o ecossistema de inovação do Ceará, sempre em diálogo com temas centrais da contemporaneidade: tecnologia, ciência, sustentabilidade, inclusão social e cultura.
Logo na introdução, a obra aposta numa linguagem simbólica, que valoriza nossos povos tradicionais. E faz um alerta: a inovação relevante para o futuro não é apenas a que nasce em centros de pesquisa de alta tecnologia, mas também a que emerge da ancestralidade, das
práticas comunitárias, dos saberes construídos por indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, agricultores familiares e outras comunidades tradicionais.
Essa perspectiva é coerente com a agenda climática que será discutida na COP 30, especialmente no que diz respeito à justiça climática, à transição energética justa e ao reconhecimento dos conhecimentos tradicionais como componentes fundamentais das soluções para o planeta.
Os primeiros textos do livro posicionam o Iracema Digital como articulador de um ecossistema que integra governo, universidades, empresas e sociedade civil. Essa governança em rede, fundada na colaboração e na circulação de conhecimento, é apresentada como condição para
que o Ceará se consolide como um polo de inovação tecnológica comprometido com o desenvolvimento sustentável.
Aliás, o Instituto Iracema Digital atua não só como criador de tecnologia, mas como um movimento que propõe um mundo em que inovação, inclusão social e responsabilidade ambiental caminham juntos. A realização recente da IV Escola de Verão em inteligência
Artificial e da entrega da III Comenda Ariosto Holanda de CT&I, II Encontro sobre Soberania Digital, projetos como o Planeta Jovem e o C-Jovem, este último adotado pelo Governo do Ceará, são mostras desta dinamicidade do Iracema Digital.
Este livro do Iracema Digital percorre uma vasta gama de assuntos: energias renováveis, inteligência artificial, blockchain, agricultura sustentável, inclusão digital, segurança cibernética, educação para inovação e até jogos digitais. Tudo isso com uma pegada prática,
mostrando como o Ceará virou um verdadeiro laboratório de soluções tecnológicas voltadas aos desafios reais, muitos deles ligados ao clima. Destaque-se iniciativas específicas do Ceará, como o Cinturão Digital, o Ceará 2050 e projetos de inovação em territórios populares, como o Pirambu Innovation.
E aí, a conexão com a COP 30 fica mais evidente. Tem textos falando de energia limpa, hidrogênio verde, energia solar e eólica, que mostram como o Ceará está na linha de frente da descarbonização, tema central das negociações climáticas globais.
No campo da resiliência e adaptação, a experiência histórica de convivência com o semiárido, articulada com tecnologias digitais e políticas públicas inteligentes, aponta caminhos para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas em contextos de vulnerabilidade hídrica. Na
dimensão da justiça climática e da inclusão, os artigos sobre inclusão digital, governança digital e redução da divisão digital reforçam a ideia de que a transformação ecológica só será legítima se incorporar as vozes e necessidades de populações historicamente marginalizadas.
Outro ponto forte do livro é a sinergia entre ciência, tecnologia e cultura. Tem textos que falam de arte, teatro, jogos, educação e criatividade, ao lado de análises técnicas sobre redes, dados e algoritmos. Tudo junto e misturado, mostrando que inovação também é questão de
cultura, de narrativa e de novas formas de nos relacionar com a nossa terra e nossa história. Essa abordagem dialoga com a percepção crescente, também presente na agenda da COP 30: enfrentar a crise climática exige não apenas novas tecnologias, mas também novas narrativas, novos imaginários e outros modos de nos relacionarmos com a natureza e com o território.
A valorização dos povos tradicionais não é só simbólica, no livro do Iracema Digital. Essa ancestralidade é uma “tecnologia social de longo prazo”, uma estratégia para convivermos melhor com o meio ambiente, preservar a biodiversidade e fortalecer as nossas comunidades.
E, quando somada às ferramentas digitais, ciência de dados e conectividade, essa sabedoria pode criar soluções poderosas para os desafios do clima.
Ao final, o próprio organizador da obra, Celio Fernando, reforça que a transformação digital éum processo que está sempre em construção, um convite para avançar cada vez mais.
O posfácio assinado pelos reitores Custódio Almeida (Reitor da Universidade Federal do Ceará – UFC), Hidelbrando Soares (Reitor da Universidade Estadual do Ceará – UECE), Roque Albuquerque (Reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
– UNILAB) e Wally Menezes (Reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE), reconhece o papel do Iracema Digital e do seu livro que festeja 5 anos como plataforma de reflexão e ação em torno de um projeto de desenvolvimento que combina
inovação, ciência, tecnologia e sustentabilidade.
Em síntese, o livro “Iracema Digital, Inovação, Tecnologia, Ciência e Sustentabilidade: transformação digital – o Ceará interconectado” revela um Ceará capaz de unir ecossistemas avançados, políticas inovadoras, saberes ancestrais e tecnologia de ponta para enfrentar os grandes desafios globais.
Se conseguirmos aumentar nossa sinergia e colaboração entre governo, academia, mercado,sociedade e, principalmente, com o envolvimento dos jovens, poderemos construir, sem dúvida, um futuro ainda mais forte, criativo e sustentável. Uma referência inspiradora que aponta o caminho para um desenvolvimento verdadeiramente inovador verdadeiramente inovador.
Essa é a jornada que nos desafia: uma oportunidade única de fazer a diferença, de romper limites e de construir uma história de inovação, esperança e transformação que inspire as próximas gerações. É exatamente esse o propósito do livro, uma obra visionária, moderna e
alinhada às demandas da COP 30, que aponta o caminho para um futuro mais inteligente e sustentável.
*Mauro Oliveira e Célio Fernando
Docentes e pesquisadores.