Com o titulo “Jaguar, lenda do cartum nacional para sempre permanecerá”, eis artigo de Klévisson Viana, cartunista, cordelista e empreendedor cultural.
Confira:
Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o carioca com o nome mais cearense da história, nos deixou neste domingo (24/8) aos 93 anos, vítima de uma infecção respiratória. Jaguar, como ficou conhecido na cena cultural nacional, foi um dos mais combativos cartunista, jornalista e editores do país. O apelido Jaguar foi-lhe dado pelo colega de traço Borjalo no início de sua carreira.
Nascido há 19 de fevereiro de 1932 na cidade do Rio de janeiro, desde cedo manifestou raro senso de humor e grande aptidão para o desenho. Na juventude foi funcionário do Banco do Brasil, deixando a instituição na década de 1950 para colaborar com a imprensa, em especial com o jornal Última Hora e a revista Manchete. Em 1969, durante os anos de chumbo da ditadura militar, ao lado dos jornalistas Tarso de Castro, Sérgio Cabral e Olga Savary fundou o lendário jornal O Pasquim, e criou Sig, o ratinho mascote do referido jornal.
Em 1970 foi preso pela ditadura durante três meses, o que lhe rendeu futuramente um processo de reparação e indenização por parte do estado brasileiro. Em 2008, Jaguar e mais duas dezenas de jornalistas perseguidos pela ditadura tiveram seus processos de anistia aprovados pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
Jaguar revelou-se, ao longo dos anos, um cartunista de humor refinadíssimo e traço rebelde, jornalista e editor de rara competência, trazendo para as páginas de O Pasquim nomes consagrados do humor nacional como Ziraldo, Millôr Fernandes, Fortuna, Guidacci e muitos outros artistas geniais.
Em 1993, como curador do II Salão Nacional de Humor de Fortaleza, ao lado do jornalista Tarcísio Matos, trouxemos Jaguar a Fortaleza para ministrar a palestra “Na Jaula com Jaguar”, uma paródia ao documentário “Na Cama com Madonna” muito em voga à época.
Sempre fuleiro, como um cearense que foi sem nunca ter sido, dizia-se maravilhado com título de música do Falcão: O dinheiro não é tudo mas é 100%. “Queria ter sido o criador dessa pérola de pensamento”.
Em 2007 reencontrei Jaguar na capital potiguar durante o Encontro Natalense de Escritores. Na ocasião, havia sido convidado para lançar meu livro “As aventuras de Dom Quixote em versos de cordel”, que recebeu muitos elogios do velho cartunista.
Jaguar parte, ficando na obra monumental, deixando legado imenso para o humor gráfico nacionalista, e permanecer inspirando quem a vida aprecia como um uma grande história de humor.
Foi, o amigo, ao encontro de Ziraldo, Fortuna, Millôr e outros nomes importantes do cartum e da charge nacional, provavelmente para reeditar O Pasquim no plano celestial. E continuar a fazer a gente se abrir, com inteligência e sagacidade das marmotas deste país em preto e branco…
Klévisson Viana é cartunista, cordelista e empreendedor cultural