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“Livre para driblar” – Por Tales M. de Sá Cavalcante

Tales-de-Sa-Cavalcante érewitro da FB Uni e presidente da ACL. Foto: Reprodução

Com o título “Livre para driblar”, eis artigo de Tales M.de Sá Cavalcante, reitor do FB Uni, diretor-geral da Organização Educacional Farias Brito e presidente da Academia Cearense de Letras. Ele mergulha no mundo pseudônimos.

Confira:

De 1964 até meados da década de 1980, havia censura, e as letras das músicas eram vetadas se consideradas “subversivas”, “perigosas” ou por ferirem a “moral” e os “bons costumes”. “Acorda Amor”, “Milagre Brasileiro” e “Jorge Maravilha”, com autoria de Julinho da Adelaide, foram aprovadas, tocadas e cantadas. Um de seus trechos era: “E nada como um tempo após um contratempo / Pro meu coração / E não vale a pena ficar, apenas ficar / Chorando, resmungando / Até quando, não, não / […] Você não gosta de mim, / Mas sua filha gosta”.

O Pasquim, um divertido e inteligente jornal da época, “fabricou” uma entrevista com Julinho da Adelaide, que declarou “ser apolítico”, mas suas músicas eram, exatamente, sátiras políticas. Em 1975, o Jornal do Brasil revelou que, por ser muito visado, Chico Buarque usara o pseudônimo Julinho da Adelaide para driblar a censura. No passado, muitos jornalistas, artistas e escritores também usaram. Sérgio Porto (criador do Febeapá, Festival de Besteira que Assola o País) era Stanislaw Ponte Preta. Júlio Cesar de Melo foi Malba Tahan até em documentos oficiais. Dom Pedro I era Piolho Viajante. Clarice Lispector já foi Tereza Quadros. Apparício Torelly era o Barão de Itararé. Nelson Rodrigues assinou como Suzana Flag; Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho, como Dr. Semana. Marilyn Monroe era Norma Jeane Mortenson. Stefani Joanne Angelina Germanotta é Lady Gaga. Farrokh Bulsara era Freddie Mercury. Agenor de Miranda Araújo Neto era Cazuza. Voltaire era François-Marie Arouet. Lênin era na realidade Vladimir Ilyich, e Stálin (“homem de ferro”, em português) era o pseudônimo de Iosif Dzhugashvili.

Meu pai, Ari de Sá Cavalcante, registrou-me como Ivo. Saiu do cartório, foi a uma livraria e um livro de Matemática levou-o à lembrança de Tales, seu pseudônimo no jornal O Estado, onde criou frases memoráveis. No dia seguinte, foi ao cartório e trocou Ivo por Tales, que acoplado a Montano, pseudônimo de meu bisavô materno, formou o nome composto Tales Montano. Sem a passagem pela livraria, provavelmente o autor desta crônica seria Ivo Brasil de Sá Cavalcante.

*Tales M. de Sá Cavalcante

Reitor do FB Uni, diretor-geral da Organização Educacional Farias Brito e presidente da Academia Cearense de Letras.

tales@fariasbrito.com.br

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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