“Estes 2 rapazes pedem um transporte grátis até o Rio”. O bilhete, escrito por Irmã Dulce em 21 de julho de 1967, ajudou dois jovens que passavam por dificuldades em Salvador a voltarem para suas casas. Um dos moços, na época com 19 anos, era o escritor Paulo Coelho, que décadas mais tarde se tornaria um benfeitor das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), entidade fundada pela freira que se tornou a primeira santa do Brasil.
A nota manuscrita integra a coleção de 59 correspondências – quase todas inéditas – publicadas no livro “Cartas de Santa Dulce – a face humana em todos nós” (192 páginas). Com texto de contracapa assinado pela atriz Fernanda Montenegro, a obra será lançada nesta quinta-feira, às 18 horas, no Teatro RioMar Fortaleza. O evento, que promete reunir na capital cearense devotos e demais admiradores da trajetória do Anjo Bom do Brasil, contará com a participação de Maria Rita Pontes, sobrinha de Santa Dulce e superintendente da OSID, que irá autografar os exemplares.
No valor de R$ 75, o livro terá 100% da receita obtida com as vendas revertida para a instituição social fundada por Irmã Dulce – entidade que abriga um dos maiores complexos de saúde do país com atendimento 100% gratuito, além de acolher mais de 3 milhões de pessoas por ano, incluindo idosos, pacientes oncológicos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas, crianças e adolescentes em situação de risco social, entre outros públicos.
Devoção no Ceará
Ao lado da Bahia e de Sergipe, o Ceará é um dos mais expressivos estados do país em devoção à primeira santa brasileira. De acordo com Márcio Didier, gestor do Complexo Santuário Santa Dulce dos Pobres, os devotos cearenses estão entre os mais numerosos em peregrinação ao Santuário dedicado à religiosa, localizado em Salvador. Outro exemplo dessa manifestação de fé está nas capelas construídas em honra ao Anjo Bom, tanto na capital quanto no interior do Ceará.
Reunindo manuscritos inéditos da Mãe dos Pobres, “Cartas de Santa Dulce – a face humana em todos nós” convida o público cearense a um inédito e profundo mergulho na memória da religiosa que construiu, a partir de um simples galinheiro, uma das mais impressionantes instituições sociais do país. Seja no amor pelos animais; ou na cumplicidade afetuosa com a irmã, Dulcinha; a obra revela toda a humanidade daquela a quem o povo comparou a um “anjo”. A publicação foi organizada por um conselho editorial que por dois anos se dedicou à pesquisa e seleção dos manuscritos, incluindo postais e fotos da intimidade de Santa Dulce.
O grupo contou com a participação, além de Maria Rita, da jornalista Luciana Savaget; dos museólogos das Obras Sociais, Osvaldo Gouveia, Carla Silva e Marcela Avendaño; da missionária Irmã Maiara Santos; do gestor do Complexo Santuário Santa Dulce, Márcio Didier; e do designer Gilberto Strunck. “Participar da construção desse livro foi uma experiência que ativou uma série de memórias, em especial, da época na qual pude participar mais de perto das obras dela. E os leitores do Ceará também poderão compartilhar, através dessa publicação, as alegrias, as angústias e, principalmente, a fé da Mãe dos Pobres”, ressalta a sobrinha Maria Rita.
DETALHE – Irmã Dulce morreu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, na capital baiana. A freira, que dedicou sua vida aos mais necessitados, foi canonizada no dia 13 de outubro de 2019, passando a ser chamada Santa Dulce dos Pobres, e tendo o dia 13 de agosto como sua Data Litúrgica. Mais informações sobre sua trajetória podem ser obtidas no site www.irmadulce.org.br. Realizado pela OSID, o evento de lançamento do livro conta com o apoio do Teatro RioMar Fortaleza e da Vox Líderes.
SERVIÇO
*Teatro RioMar Fortaleza – Rua Desembargador Lauro Nogueira, 1500, Papicu, Fortaleza.