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“Livro de Eneida Araripe analisa guerra civil do Ceará” – Por Flamínio Araripe

Flamínio Araripe é jornalista e pesquisador.

“Romeiros do líder religioso e político Pe. Cícero Romão Batista, transformados em jagunços, deram força militar à revolta que resultou na deposição do governo Franco Rabelo”, aborda o jornalista Flamínio Araripe.

Confira:

Um dos trabalhos de Eneida Figueiredo Araripe publicados no livro “Uma Trabalhadora na Educação – Vida e Obra” -, é “A Sedição de Juazeiro“. O artigo apresenta uma cronologia clara e minuciosa do conflito ocorrido no Ceará nos anos 1913-1914 em que os romeiros do líder religioso e político Pe. Cícero Romão Batista, transformados em jagunços, deram força militar à revolta que resultou na deposição do governo Franco Rabelo. As datas e os eventos específicos desta história são relatados na pesquisa realizada na biblioteca do ex-reitor Antônio Martins Filho e no Instituto Histórico e Geográfico do Ceará, com base em fontes primárias – Rodolfo Teófilo, rabelista, Irineu Pinheiro, pró-Aciolly. A autora oferece perspectivas opostas no registro e avaliação dos fatos históricos, o que enriquece a análise.

O estudo constitui uma contribuição acessível para estudiosos, simplificando um tema complexo da história cearense. A autora relaciona a Sedição de Juazeiro a dinâmicas nacionais (influência de Pinheiro Machado e PRC), de modo a ampliar seu escopo além do cenário regional, quando mostra a fragilidade da autonomia estadual na época.

A Sedição de Juazeiro (1913-1914) ocorreu no contexto da Primeira República (1889-1930), marcada por oligarquias regionais e instabilidade política. No Ceará, a “política dos coronéis” era dominante. Chefes locais controlavam jagunços e cangaceiros. Franco Rabelo, apoiado pelo Partido Republicano Cearense, enfrentou a oligarquia dos Aciolly, que havia governado por décadas.

O artigo de Eneida Figueiredo Araripe é uma introdução valiosa à Sedição de Juazeiro, com força na síntese histórica e na exposição de visões contrastantes. Um trecho da obra traz o clima: 24/01/1914: Jagunços tomaram o Crato após luta; saques se seguiram. “Depois da invasão a Quixeramobim, Quixadá e Baturité, o objetivo natural seria Fortaleza”.

Jagunços impõem o terror

“A tática dos chefes dos jagunços de incutir o terror entre o povo das cidades que pretendiam invadir, funcionara em Barbalha, Jardim, Quixeramobim, Quixadá, Baturité. “Os jagunços viriam a Fortaleza em bandos de 1.500 homens armados”. Cada vez eles chegavam mais perto. Na realidade, Fortaleza já estava praticamente cercada, inteiramente vulnerável à malta de jagunços, que poderiam, com absoluta impunidade, praticar toda sorte de desatinos, já que estavam sob a proteção do Governo Federal”.

”Já estavam em mãos dos sediciosos todo o Cariri, até Lavras, S. Mateus, Icó, Iguatu, Senador Pompeu, Quixeramobim, Quixadá, Baturité, Acarape, Pacatuba, Maranguape, Porongaba, Soure e Messejana. Continuavam as prisões arbitrárias, sob o menor pretexto. (…) Pe. Cícero foi escolhido vice-presidente do Estado e Floro Bartolomeu viu-se honrado com cadeira na Câmara dos Deputados. No dia 20 de abril, Floro Bartolomeu entra triunfalmente na cidade de Fortaleza, acompanhado de 400 jagunços sujos, os mesmos bandidos desalmados, que, protegidos pelo governo da União, haviam deixado por todo o Estado um rastro de sangue, lágrimas e desespero, e agora vinham policiar a cidade…”.

Além do artigo “Sedição de Juazeiro”, originalmente publicado na revista Itaytera, em 1988, o livro “Uma Trabalhadora na Educação – Vida e Obra”, traz um relato biográfico da autora, escrito por Flamínio Araripe. A obra inclui ainda a monografia da professora da Urca e do

Colégio Estadual do Crato, Eneida Figueiredo Araripe (1985), no curso de Especialização em Geografia pela UFC, “O declínio da produção rapadureira no município do Crato”. Traz ainda perfil do líder oligarca do distrito de Lameiro e do Crato, Nelson da Franca Alencar. Ainda neste semestre a obra será lançada.

Flamínio Araripe é jornalista

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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