“Lula, que não é de deixar as coisas pela metade, concorrerá a mais um mandato para concluir sua tarefa”, aponta o sociólogo Oliveiros Marques
Confira:
Luiz Inácio Lula da Silva é candidatíssimo à reeleição em 2026. Essa é a única conclusão possível após sua entrevista à jornalista Sonia Bridi, exibida no Fantástico no último domingo.
Com lucidez e tranquilidade, Lula tratou do acidente que resultou em uma delicada cirurgia. Avaliou as revelações sobre a participação de Braga Netto no plano golpista que incluía seu assassinato com firmeza, na medida certa. Respondeu à inoportuna pergunta sobre a Lava Jato com clareza e elegância. Fez um balanço dos dois anos de seu mandato demonstrando absoluto domínio do governo. E ainda colocou o mercado e seus porta-vozes em seus devidos lugares.
Se não bastasse a demonstração de vigor físico e intelectual para encarar mais um mandato, calando as torcidas contrárias de alguns “abutres” da sociedade brasileira, Lula, ainda que implicitamente, deixou claro o propósito que assumiu para si: recolocar o Brasil no caminho que trilhava ao final de seu segundo mandato, antes de ser desviado por pautas-bomba, golpes e, especialmente, pelo governo Bolsonaro.
Os últimos quatro anos representaram um desmonte profundo da máquina pública federal — isso é um fato. Reconstruí-la não foi, nem será, um trabalho que se encerre com uma medida provisória ou com a criação de novos ministérios. A reestruturação levará tempo. Foram 48 meses de ataques sistemáticos, que transformaram o caos em regra nos órgãos federais. Para deixar a “boiada passar”, era necessário derrubar cercas e portões, não é verdade?
Esse cenário, obviamente, reduziu a velocidade da retomada do projeto de país idealizado e construído por Lula. Não será possível alcançar plenamente seus objetivos em um único mandato. Será preciso mais tempo. Afinal, o ponto de partida, em janeiro de 2023, foi de destruição total de políticas públicas, especialmente daquelas voltadas para os mais pobres. E Lula, que não é de deixar as coisas pela metade, concorrerá a mais um mandato para concluir sua tarefa.
Portanto, enquanto a direita ainda vive incertezas sobre quem a representará, no campo da centro-esquerda e da esquerda, a realidade é clara: Lula estará nas urnas pela sétima vez.
Oliveiros Marques é sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas