Com o título “Lula surfa nos erros da direita que vê seu barco se dirigir contra as pedras”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, desta quinta-feira, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “Já se disse que a política assemelhasse a uma nuvem e que pode mudar a qualquer instante. Nesse contexto, jamais pode ser ignorada a força de Lula”, expõe o colunista.
Confira:
Em janeiro deste ano, em painel da Latin America Investment Conference, evento realizado pelo UBS e o UBS BB no hotel Grand Hyatt, em São Paulo, o presidente do PSD e secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria forte candidato à reeleição, mas que não venceria o pleito de 2026 se fosse hoje. “Se fosse hoje, o PT não estaria na condição de favorito. Eles perderiam a eleição”, disse o secretário. “Os partidos de centro estão criando uma alternativa para 2026.”…
Volto a janeiro, porque em menos de um ano, a frase do cacique do PSD não se sustenta mais. Lula hoje surfa na onda das boas notícias com seus índices de popularidade em uma crescente, enquanto do lado da oposição, o barco se dirige em alta velocidade para as pedras com o até então candidato natural, Tarcísio de Freitas, tendo que vir a público quase semanalmente dar explicações sobre falas, ações ou omissões.
O fato, é que na política, qualquer prognóstico antecipado, será sempre um risco, funcionando mais como exercício de retórica para oferecer manchetes fortes. No caso específico, dizer que Lula não seria competitivo com quase um ano e 10 meses da eleição é apostar demais na sorte, esquecendo-se além do fator tempo, a figura do presidente em termos de história de vida, tirocínio político, leitura de cenários e principalmente com a máquina na mão.
Já se disse que a política assemelhasse a uma nuvem e que pode mudar a qualquer instante. Nesse contexto, jamais pode ser ignorada a força de Lula. Mas, mais do que isso, os opositores esqueceram de elemento fundamental, que são os atropelos que se colocam em uma longa caminhada. Com relação a isso, é importante destacar, que mesmo sem fatores exógenos, a direita brasileira, por si só, foi capaz de criar suas próprias armadilhas.
Da adesão incondicional a Trump em janeiro, passando pela campanha de Eduardo Bolsonaro contra o Brasil no exterior, PEC da blindagem, a tibieza demonstrada por Tarcísio em diversos momentos nesses últimos meses, os opositores ofereceram de bandeja ao governo e a Lula, todos os instrumentos necessários para reposicionar o petista na disputa. O mais preocupante disso tudo para a oposição, é que envolta em uma bolha de sabão, não se vislumbra atualmente algo de novo que se possa mudar esse quadro, pois até a economia começa a dar sinais de melhora e esse fator será aspecto crucial na hora da decisão do voto em 2026.