“O remédio seria aprender a se comunicar, ou cercar-se de gente que saiba”, aponta o jornalista Paulo Henrique Arantes
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Não é fácil comunicar-se quando no lado oposto estão pessoas descompromissadas com a verdade. Claro, mais importante que versões são os fatos em si, portanto medidas governamentais acertadas não deveriam ser revogadas por causa de bombardeio fake – mas o são, como prova o caso PIX. Outro mundo seria muito bom, mas, neste mundo, é preciso guerrear no campo da comunicação.
Fernando Haddad é um quadro qualificado, embora desagrade às alas mais à esquerda do PT. Deverá ser o nome a substituir Lula nos embates eleitorais futuros, quando o líder máximo da legenda decidir descansar? Se positivo, o ministro terá de se entender com a comunicação.
Recorde-se de Haddad ao ser derrotado quando tentou reeleger-se prefeito de São Paulo, em 2016. A que ele atribuiu a responsabilidade pelo fiasco? O leitor acertou: à comunicação.
Abatido por João Doria no primeiro turno, Haddad disse que poderia ter apresentado melhor as ações de seu governo à população. Reconheceu que muitas das iniciativas de sua gestão — como a expansão das ciclovias, os corredores de ônibus e outras mudanças no sistema viário — enfrentaram resistência porque não foram devidamente explicadas ou não tiveram o tempo de assimilação. É exatamente o que se vê agora em relação aos atos do Ministério da Fazenda.
Enquanto perdia de lavada para Doria, um almofadinha léguas distante da realidade da população das periferias paulistanas, Haddad explicava o longo prazo de suas políticas de gestão, algo que não fora comunicado aos cidadãos de modo eficiente. Quando deixar a Fazenda, terá de repetir esse discurso?
Fernando Haddad foi o escolhido de Lula, então preso, para disputar a eleição presidencial de 2018 – perdeu. Foi candidato a governador de São Paulo em 2022 – perdeu. Se um quadro tão bom – e sua atuação passada, no Ministério da Educação, comprova essa qualidade – sofre tanto com os assuntos da comunicação, tem-se uma barreira às suas próximas pretensões eleitorais. O remédio seria aprender a se comunicar, ou cercar-se de gente que saiba.
Paulo Henrique Arantes é jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”
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